Os herbicidas são produtos químicos utilizados no controle de ervas daninhas em plantações. A maior ameaça das plantas daninhas vem na forma de competição por água, nutrientes e luz inibindo o crescimento da espécie principal. Existem herbicidas que atacam apenas ervas de folha larga, outros que combatem apenas as de folha estreita, e ainda outros que matam ambos os tipos. O “Round up” é um herbicida chamado não seletivo porque danifica plantas tanto de folha larga quanto as de folha estreita. Seu efeito ocorre pelo bloqueio do caminho metabólico da formação de importantes aminoácidos formadores de proteínas imprescindíveis para as plantas. A soja transgênica resistente ao “Round up” é aquela que não sofre o efeito letal da ação do herbicida por possuir o gene CP4 ou RR proveniente de uma bactéria. Este gene codifica uma proteína que funciona como antídoto ao ingrediente ativo do herbicida.

O glyfosate, ingrediente ativo do “Round up” é efetivo, porque a maioria das plantas o degrada metabolicamente muito lentamente, e ainda assim não em sua totalidade permitindo sua translocação nos tecidos metabolicamente mais ativos. Seu modo de ação relativamente lento permite o movimento do herbicida através de toda a planta antes que apareçam os sintomas.

A adoção da soja resistente ao “Round up” tem sido rápida nos Estados Unidos, Argentina e Brasil, com quase 90% da área nos Estados Unidos semeada com tais variedades ainda em 2004. Na Argentina a utilização da soja transgênica foi ainda mais rápida que nos Estados Unidos,com área plantada próximo de 90% após quatro anos da sua introdução. Nesse país, o melhor manejo de invasoras e o custo reduzido foram as razões mais importantes para a aceitação. Nos Estados Unidos, a rápida expansão da soja resistente ao “Round up” foi devido ao incremento no rendimento, ao custo reduzido de um excelente, simplificado e mais flexível controle de invasoras.

A Embrapa vem trabalhando com soja transgênica resistente ao “Round up” desde 1997, quando estabeleceu parceria com a Monsanto e passou a ter acesso ao gene RR que confere resistência ao herbicida glyfosate.  Em 2005, a Embrapa lançou suas primeiras treze cultivares transgênicas. Na região Nordeste, apenas em 2007, foram lançadas as cultivares BRS 270RR e BRS 271RR e, em 2008, as cultivares BRS 278RR e BRS 279RR com adaptação para os estados do Maranhão, Piauí e Tocantins.

A Embrapa também firmou parceria com a BASF para o desenvolvimento de cultivares de soja com resistência a herbicidas do grupo químico das imidazolinonas, concorrente do glyfosate. O lançamento de cultivares resistentes a este grupo químico permitirá complementar a ação do glyfosate e superar os problemas do aparecimento de plantas resistentes.

Ricardo Montalván Del Aguila, pesquisador Embrapa Meio-Norte.