Pesquisas

Sistemas agroflorestais aumentam estoque de carbono no solo em 30% no semiárido brasileiro

Estudo da Embrapa mostra como práticas sustentáveis ajudam a mitigar emissões de gases de efeito estufa


Publicado em: 09/05/2024 às 16:30hs

Sistemas agroflorestais aumentam estoque de carbono no solo em 30% no semiárido brasileiro
Foto: Mudanças no uso da terra podem promover o armazenamento de maiores índices de carbono no solo, segundo o IPCC. Sistemas agroflorestais são alternativas sustentáveis. Foto: Teógenes Senna de Oliveira

Uma pesquisa realizada pela Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) revelou que os sistemas agroflorestais no Semiárido brasileiro podem aumentar em 30,9% o estoque de carbono no solo em comparação com a vegetação natural. Essa descoberta aponta para uma abordagem promissora na redução das emissões de gases de efeito estufa e na recuperação de áreas degradadas pela prática tradicional de corte e queima.

O estudo, publicado no Journal of Environmental Management, comparou a dinâmica do carbono orgânico no solo em diferentes sistemas de manejo na Caatinga, incluindo o tradicional corte e queima e diversos sistemas agroflorestais. O experimento, que durou 25 anos e foi conduzido na região de Sobral (CE), utilizou o modelo de simulação Century para avaliar o impacto dos diferentes métodos ao longo do tempo.

Anaclaudia Alves Primo, bióloga e doutora em Ecologia e Recursos Naturais, liderou a pesquisa e destacou que o sistema de corte e queima reduz em 50% o estoque de carbono no solo nos primeiros dez anos de cultivo. A recuperação completa pode levar até 50 anos, dependendo do tempo de pousio. Por outro lado, os sistemas agroflorestais apresentam um processo de recuperação mais rápido, sem necessidade de longos períodos de repouso.

"O uso de sistemas agroflorestais permite que o solo mantenha mais carbono, reduzindo as emissões para a atmosfera. Essa prática não desmata totalmente a vegetação e pode ser uma solução para regiões onde o corte e queima são comuns", explicou Anaclaudia Primo.

No Semiárido, o corte e queima são amplamente utilizados para abrir espaço para o plantio de culturas anuais como milho e feijão. Essa prática, no entanto, contribui para a degradação do solo e acelera o processo de desertificação. A pesquisa sugere que a adoção de sistemas agroflorestais, como o agrossilvipastoril e o silvipastoril, pode ser uma solução mais sustentável, promovendo a retenção de carbono e a recuperação do solo.

O zootecnista Éden Fernandes, da Embrapa Caprinos e Ovinos, reforça a importância desses resultados para agricultores do Semiárido. "Esses sistemas agroflorestais oferecem uma alternativa viável para produtores rurais, permitindo que eles continuem produzindo sem recorrer a práticas que prejudicam o solo. Além disso, contribuem para a mitigação das mudanças climáticas", disse ele.

Os sistemas agroflorestais também têm um papel social significativo, pois o desenvolvimento sustentável pode melhorar a qualidade de vida das comunidades rurais. A pesquisa ressalta que, ao adotar práticas mais sustentáveis, os agricultores podem evitar o esgotamento do solo e a perda de biodiversidade, garantindo uma produção de alimentos mais estável e sustentável ao longo do tempo.

Fonte: Portal do Agronegócio

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