Publicado em: 05/03/2025 às 16:00hs
A Embrapa, em parceria com a empresa de biofertilizantes Litho Plant, desenvolveu o Sombryt BR, um protetor solar vegetal que reduz queimaduras em folhas e frutos, além de aumentar a resiliência das culturas diante das mudanças climáticas. Testado em lavouras de abacaxi, banana, citros, mamão, manga e maracujá, o produto demonstrou alta eficiência na prevenção de danos físicos e no incremento da produtividade.
Próximo ao lançamento comercial, o Sombryt BR é classificado como fertilizante mineral simples à base de carbonato de cálcio. Sua aplicação ocorre diretamente sobre folhas e frutos, sendo compatível com sistemas de cultivo orgânico e convencional. Em testes conduzidos em diversas regiões do Brasil, a tecnologia reduziu em até 20% os danos físicos nos frutos. No caso dos citros, observou-se um aumento médio de 12% na produtividade de laranjeiras Pera sob diferentes condições de irrigação. Esses resultados foram publicados na Revista Brasileira de Fruticultura.
“O produto melhora o balanço energético da planta, tornando-a mais eficiente no uso da água e na realização de trocas gasosas, o que resulta em maior resiliência e produtividade”, explica Mauricio Coelho, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) e coordenador dos experimentos.
No podcast "Raiz e Fruto", Embrapa e Litho Plant apresentam detalhes sobre o Sombryt BR e seus benefícios para o setor agrícola.
Os testes com citros no município de Rio Real (BA) serviram de base para a tese de doutorado do engenheiro-agrônomo Valbério dos Santos, defendida na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Durante três safras, foram combinadas aplicações do protetor solar com três regimes hídricos: irrigação plena, irrigação com déficit moderado e sequeiro (sem irrigação).
Santos conduziu experimentos com 175 plantas no Sítio Nova Esperança e observou que o período crítico ocorre em setembro, quando o clima fica mais seco e quente, comprometendo a fixação dos frutos e reduzindo a produção. "Com o uso do protetor solar, registramos um aumento de até 17% na produtividade sob condições de sequeiro, além de melhor estabilidade fisiológica da planta e qualidade dos frutos", destaca.
Santos, que hoje atua como engenheiro-agrônomo na Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), ressalta que há grande interesse em levar essa tecnologia para os citricultores da região dos Tabuleiros Costeiros. “O aumento da massa dos frutos nas condições de sequeiro é especialmente positivo para essa região, onde a maioria dos cultivos é feita sem irrigação”, afirma.
Segundo Coelho, o protetor tem duas funções principais: melhorar a resiliência da planta e reduzir os danos físicos causados por alta irradiação solar. "A tecnologia melhora as trocas gasosas, aumenta a eficiência no uso da água e reduz os impactos do estresse térmico, tornando a planta mais produtiva", explica.
Outro aspecto relevante é a proteção contra queimaduras em folhas e frutos, fator que impacta diretamente o valor comercial da produção. "O produtor pode pulverizar toda a planta para garantir resiliência ou focar apenas nos frutos mais expostos ao sol, reduzindo perdas na colheita", acrescenta.
Desde 2021, pesquisas e experimentos têm sido conduzidos em diferentes polos produtivos do país. Em citros, testes em Bom Jesus da Lapa (BA) com a variedade lima ácida Tahiti e em Monte Azul Paulista (SP) mostraram ganhos consistentes em produtividade e qualidade.
Para o cultivo de abacaxi, ensaios em Itaberaba (BA) demonstraram redução de até 20% nos danos físicos aos frutos. O produto também tem se mostrado uma alternativa viável para a produção orgânica, substituindo práticas tradicionais como o uso de jornal na proteção dos frutos.
Em mamão, experimentos em Pureza (RN), Cruz das Almas (BA) e norte do Espírito Santo apontaram melhorias na firmeza da polpa (18%) e aumento da massa dos frutos (20%). No Espírito Santo, observou-se também redução de manchas fisiológicas na casca, comuns em regiões com elevada amplitude térmica.
Na cultura da manga, testes em Bom Jesus da Lapa (BA) e Petrolina (PE) mostraram redução de até 20% na incidência de queimaduras solares. Em banana, estudos conduzidos no perímetro irrigado do Projeto Formoso demonstraram impactos positivos na qualidade dos frutos.
Em algumas culturas não estudadas diretamente pela Embrapa, como a pitaya, produtores decidiram testar o protetor por conta própria. Ervino Kogler, produtor em Bom Jesus da Lapa, relatou que, após dez pulverizações, observou redução de 70% na escaldadura de folhas e frutos. "Além de proteger contra queimaduras, o produto melhora o conforto térmico das plantas, reduzindo a incidência de doenças", destaca Kogler.
Os experimentos seguem em expansão, com avaliações em maracujá, banana e outras culturas. "Os resultados obtidos até agora demonstram que o Sombryt BR é uma ferramenta valiosa para aumentar a resiliência das lavouras e reduzir perdas causadas por condições climáticas adversas", conclui Coelho.
Fonte: Portal do Agronegócio
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