Publicado em: 16/11/2022 às 11:45hs
A Embrapa Agroenergia, braço da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que busca formas de reaproveitar biomassa e resíduos, desenvolveu uma cana genética que permite um melhor aproveitamento para a produção de etanol e outros benefícios, sem ter uma planta transgênica. Isso, de acordo com a empresa, faz do produto a primeira cana genética não transgênica do mundo, o que pode impulsionar a economia nacional. Para chegar ao resultado pretendido, a Embrapa utilizou uma técnica com base em pesquisa de edição genômica que trouxe o prêmio Nobel de Química em 2020 para as cientistas Jennifer A. Doudna e Emmanuelle Charpentier.
A tecnologia estudada pelas cientistas utiliza uma enzima que permite cortar o DNA da cana em pontos pré-estabelecidos, modificando apenas algumas regiões específicas.
Segundo Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa, a polêmica gerada por conta do uso das plantas transgênicas na agricultura fez com que cada país do mundo criasse uma regulamentação específica sobre o assunto, o que elevou o custo para inserir no mercado as variedades geneticamente modificadas, como a cana genética.
Molinari destaca que hoje podemos observar o surgimento de uma nova tecnologia que pode movimentar a economia brasileira, a edição de genomas, com a qual não é necessária a inserção de sequências exógenas de outras espécies no genoma da espécie pretendida.
As pesquisas e trabalhos da Embrapa geraram duas novas plantas, que receberam os nomes de Cana Flex I e Flex II. Com as alterações, elas tornaram o acesso das enzimas aos açúcares presos nas células mais fácil, que é onde fica armazenada a energia, facilitando a fabricação de etanol e também as extrações de outros bioprodutos.
Na cana Flex I, o gene responsável pela rigidez da parede celular da planta foi silenciado, o que expandiu sua digestibilidade, isto é, permitiu que as enzimas tivessem um maior acesso durante a etapa em que a biomassa vegetal é retirada.
Já a Cana Flex II, que impulsionará a economia com a produção de etanol, foi criada quando um gene nos tecidos da planta foi silenciado, permitindo um incremento considerável na produção da sacarose.
Como nas duas canas produzidas pela Embrapa foi realizado apenas o silenciamento dos genes, que é anulação da ação dos mesmos em questão, sem haver nenhuma modificação no DNA da planta, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) definiu como não-transgênicas as novas variedades produzidas.
De acordo com a Embrapa, que produziu as novas variedades, na Flex II foi encontrado um aumento de aproximadamente 200% de açúcar nas folhas da cana genética, além de um aumento de 15% de sacarose no caule.
Explicações dos cientistas da empresa afirmam que, além de gerar um bagaço com uma digestibilidade maior na alimentação de animais como os bovinos, a nova tecnologia pode aumentar a eficiência na produção de bioetanol, movimentando ainda mais a economia brasileira.
Fonte: CPG - Click Petróleo e Gás
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