Pesquisas

Desenvolvimento de Protocolo para Monitoramento de Emissões de GEE Revoluciona a Agricultura Brasileira

Iniciativa visa promover práticas de baixo carbono e garantir a sustentabilidade no setor agropecuário


Publicado em: 13/09/2024 às 16:00hs

Desenvolvimento de Protocolo para Monitoramento de Emissões de GEE Revoluciona a Agricultura Brasileira
Foto: Monitoramento em fazenda de MS. Foto: Sandro Pereira

Um grupo de cientistas brasileiros desenvolveu e validou um novo protocolo MRV (Monitoramento, Relato e Verificação) específico para a agricultura de baixo carbono. Essa inovação faz parte do Projeto Rural Sustentável II – Cerrado e envolve o monitoramento de 20 unidades demonstrativas em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Dentre essas, 11 unidades mostraram um balanço de carbono negativo, ou seja, sequestram mais carbono do que emitem, contribuindo para a compensação de emissões provenientes de outras fontes.

Celso Manzatto, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, ressalta a importância do protocolo: “O protocolo MRV demonstra sua eficácia ao aprimorar a gestão agrícola e promover a sustentabilidade. Ele permite que produtores rurais e cadeias do agronegócio monitorem e relatem suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), ajudando na mitigação das mudanças climáticas.” O protocolo integra diversas ferramentas, incluindo o Sistema de Apoio à Caracterização de Imóveis Rurais (Sacir), AgroTag MRV, SatVeg e o GHG Protocol Agricultura e Pecuária.

De acordo com Manzatto, o MRV foi desenvolvido para combinar informações de diferentes escalas e ferramentas existentes, em conformidade com recomendações internacionais. Inclui uma calculadora para balanço e inventário anual de emissões em diversas propriedades rurais e sistemas produtivos, como culturas alimentares, fibrosas, bioenergéticas, pecuária confinada e sistemas agroflorestais. Os coeficientes de emissão são baseados no Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa de 2020 e em literatura científica, garantindo a atualização contínua dos dados.

O protocolo é acessível e gratuito, permitindo que produtores, técnicos e agentes do agronegócio avaliem suas fontes de emissão de GEE e demonstrem a sustentabilidade de suas práticas. A adoção de tecnologias de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) é vista como uma estratégia promissora para abrir novos mercados e obter melhores preços.

Manzatto observa que, além do monitoramento de emissões e remoções de GEE, o protocolo pode servir como uma ferramenta de gestão para os produtores, indicando áreas e processos que precisam ser ajustados para reduzir as emissões. Essa abordagem pode auxiliar na diferenciação de produtos e na participação no mercado de carbono.

O sistema é adaptável a diversas finalidades, desde a verificação de baixo custo de projetos financiados por instituições públicas até certificações privadas. Também permite auditorias externas acessíveis, promovendo a expansão sustentável da produção agropecuária de baixo carbono no Brasil. A combinação de Sistemas de Produção Sustentáveis (SPS) e boas práticas agrícolas é fundamental para esse avanço.

Ladislau Skorupa, também pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, destaca que o principal desafio para a descarbonização da agricultura é o monitoramento eficaz das emissões de GEE. O protocolo MRV surge como uma ferramenta crucial, possibilitando que as informações sobre emissões e sequestro de carbono sejam auditadas, contribuindo para uma agricultura mais sustentável.

Atualmente, a agropecuária é responsável por uma parte significativa das emissões de GEE no Brasil, exacerbando as mudanças climáticas. A transição para uma agricultura de baixa emissão de carbono é essencial, apoiada por tecnologias que mitigam esses efeitos negativos. O MRV não apenas monitora as emissões, mas também orienta ajustes e decisões estratégicas para os produtores. Há ainda a possibilidade de integração com Assistências Técnicas e Extensões Rurais (ATER), ampliando o impacto do sistema.

Esse projeto é um esforço contínuo iniciado com o Plano Agricultura de Baixo Carbono (2010-2020) e expandido com o ABC+ (2020-2030), que inclui práticas como recuperação de pastagens, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e plantio direto. A equipe envolvida conta com especialistas da Embrapa, Fundação Getúlio Vargas e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, consolidando uma abordagem multidisciplinar e inovadora.

Fonte: Portal do Agronegócio

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