Publicado em: 06/03/2025 às 07:30hs
Referência no Brasil em tecnologias microbiológicas para o agronegócio, a Bioma dá um novo passo rumo à inovação com o lançamento de um ativo biológico que pode elevar significativamente a produtividade da cultura do milho. Trata-se da HM053, uma nova cepa da bactéria Azospirillum brasilense, microrganismo fixador de nitrogênio. A Bioma é a primeira empresa a obter registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a distribuição comercial do Bioma Mais Energy na cultura do milho.
A inovação é fruto de mais de 35 anos de pesquisa conduzida por dezenas de cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que firmou parceria com a Bioma para desenvolver e escalar a produção e comercialização da nova cepa. De acordo com Márcio Araújo, diretor comercial da Bioma, "a companhia estabeleceu um processo inovador de produção e formulação da nova estirpe (HM053), conferindo ao Bioma Mais Energy maior resistência, concentração e viabilidade celular, resultando em um produto de alta performance".
O pesquisador Emanuel Maltempi de Souza, da UFPR, destaca a relevância da descoberta: "Essa é a solução mais inovadora e impactante da última década para a cultura do milho". Um estudo publicado na revista científica Plant Soil mostrou que a HM053 gerou aumentos de produtividade de até 28%, com uma média de 14,1% de incremento. Quando comparada a cepas tradicionais, como a Ab-V5, a nova cepa apresentou desempenho superior, evidenciando seu potencial.
A Bioma e a UFPR consideram o registro da HM053 um marco para o agronegócio brasileiro. O milho é essencial para a alimentação humana, a produção de ração animal e para diversas indústrias, além de ser um dos principais produtos de exportação do Brasil, impactando positivamente a balança comercial do país.
Atualmente, estima-se que aproximadamente 8,4 milhões de hectares cultivados com milho no Brasil já utilizem inoculantes de cepas tradicionais, abrangendo 40% da área total destinada à cultura. Com a introdução do Bioma Mais Energy, os agricultores poderão combiná-lo aos fertilizantes convencionais, garantindo um produto de alto valor biológico, eficiência comprovada e registro oficial do Mapa.
Segundo o engenheiro agrônomo Bruno Agostini Colman, gerente de desenvolvimento de mercado da Bioma, "a indústria avançou muito em tecnologias para fixação de nitrogênio na cultura do milho na última década, mas ainda havia espaço para melhorias. A parceria com a UFPR e a obtenção do registro permitirão uma escala de distribuição capaz de transformar a produção de milho no Brasil e no mundo". Colman ressalta ainda que a inovação possui grande potencial de expansão global, especialmente devido aos seus benefícios sustentáveis.
Embora o nitrogênio (N2) componha 78% da atmosfera, plantas e animais não conseguem utilizá-lo diretamente como nutriente, ao contrário das bactérias. Esses microrganismos transformam a molécula de nitrogênio em amônio, um composto assimilável pelas plantas. A inoculação nitrogenada com bactérias fixadoras permite que o amônio seja produzido diretamente nas raízes, promovendo maior produtividade e vigor às culturas agrícolas.
Desde a década de 1970, o Brasil pesquisa a bactéria Azospirillum, graças ao trabalho pioneiro da pesquisadora da Embrapa Johanna Döbereiner, que demonstrou a capacidade dessas bactérias de fixar biologicamente o nitrogênio em associação com gramíneas. Em 1987, os pesquisadores Fábio de Oliveira Pedrosa e Hidevaldo Bueno Machado, da UFPR, selecionaram cepas com elevada capacidade de fixação de nitrogênio e excreção de amônio, beneficiando diretamente as plantas.
A resposta para o mecanismo de liberação de amônio veio no início dos anos 2000, quando pesquisadores da UFPR, incluindo Emanuel Maltempi de Souza, sequenciaram o genoma do Azospirillum. Em parceria com cientistas dos Estados Unidos, a universidade demonstrou, por meio do uso de isótopos de nitrogênio-13, que a bactéria não apenas fixava nitrogênio, mas o exportava para a planta na quantidade exata necessária para seu crescimento. Essa descoberta consolidou a ligação entre a pesquisa acadêmica e a aplicação prática no campo.
Com a aprovação inédita do Mapa para a cultura do milho, a Bioma reforça seu papel na vanguarda da inovação agrícola, garantindo que a tecnologia desenvolvida em laboratório se traduza em ganhos reais para os produtores e para a economia nacional. "O registro do Bioma Mais Energy comprova que os resultados obtidos em pesquisa são replicáveis na prática, proporcionando maior rentabilidade aos agricultores e fortalecendo o setor", conclui Márcio Araújo, diretor comercial da Bioma.
Fonte: Portal do Agronegócio
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