Publicado em: 06/06/2019 às 08:20hs
Cada vez mais o agronegócio se consolida como um setor essencial para a economia brasileira. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa parcela do mercado corresponde a 24% de todo o PIB do país e sua importância para o mercado nacional não para de crescer. Ainda assim, ocupamos o 64º lugar no Índice Global de Inovação, divulgado em 2018 pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O nosso desafio é chegar a 25º posição em 2025.
Para isso, é imprescindível a participação do setor privado na pesquisa, desenvolvimento e inovação no agronegócio, principalmente no que diz respeito a iniciativas como implementação de test beds, mentorias, aceleração e incentivo ao conhecimento e trabalho no setor. Mas afinal, quais são as vantagens do investimento privado em pesquisas no agro?
Primeiramente, pelo potencial de crescimento dos players dessa cadeia. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil é o país com maior capacidade de aumento de sua produção agrícola. Enquanto outros países apresentam uma capacidade média de 20% de crescimento nesse setor, nós podemos expandir a produção agrícola em, pelo menos, o dobro desse valor levando-se em consideração fatores como tecnologia, disponibilidade de terra e capacidade de pessoas.
Em segundo lugar, se bem explorado, trata-se de um negócio com capacidade para se tornar extremamente lucrativo. O relatório “Smart Agriculture Market- Global Industry Analysis, Size, Share, Growth, Trends, and Forecast (2016 – 2025), publicado pela Zion Market Research, indicou que o segmento de “smart agriculture” gerou mais de cinco bilhões de dólares para os Estados Unidos, com um potencial de crescimento de mais de 15 bilhões até o final de 2025, o que significa um crescimento de pelo menos 200% de receita apenas nesse país.
Mais do que isso, o investimento do setor privado em pesquisa, desenvolvimento e inovação para o agronegócio fortalece e estimula o crescimento do próprio setor. Algumas ações podem gerar, por exemplo, incentivo para que os produtores tomem as melhores decisões e, dessa forma, cresçam de forma sustentável, melhorem a produtividade, eficiência e relacionamento com o cliente, além de otimizar a produção, reduzir custos e contribuir para que seus negócios se tornem ainda mais rentáveis.
Esse cenário pode funcionar especialmente para pequenos produtores, que são responsáveis por boa parte da agricultura nacional e por 55 mil dólares de faturamento anual, segundo o Governo do Brasil. Iniciativas como essas, podem melhorar o processo de vendas e aproximar a agricultura familiar do consumidor final.
Para que esse caminho seja mais suave, precisamos evoluir juntamente a outros segmentos do setor público, principalmente no que diz respeito a questões como burocracia institucional, transparência nos processos e clareza. Caminhamos a passos não tão velozes como gostaríamos, mas vale ficar de olho no que ainda há por vir no setor de pesquisas agrícolas. O Brasil irá te surpreender.
Álvaro Duarte é Diretor Presidente da Fundepag, fundação que aproxima pesquisadores, institutos, hubs de inovação e de novos negócios em expansão e ecossistema de empreendedorismo; também é Pesquisador Científico no Instituto de Tecnologia de Alimentos.
Fonte: FUNDEPAG
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