O projeto, que busca promover a conservação da biodiversidade mediante o uso sustentável dos recursos naturais, é custeado pela Instituição, com contrapartida do Governo estadual, e está em fase de implantação.

Na região, o foco do projeto está voltado para os pecuaristas familiares - pequenos produtores que criam, com mão de obra da família, gado de corte e ovinos em propriedades de até 300 hectares. Situados sobre o Pampa, esses trabalhadores ainda ajudam a conservar o campo nativo inerente ao Bioma, que já teve 54% - dos mais de 175 mil quilômetros quadrados - devastados, principalmente, pela expansão das lavouras, especialmente de soja e silvicultura, e substituição do campo nativo por pastagens artificiais.

Nesse contexto, os técnicos do Banco Mundial puderam visualizar melhor o trabalho, que consiste na subdivisão de parte da propriedade em piquetes, para que os animais possam pastejar de forma rotativa. “O início do projeto envolve partes de planejamento. Agora estamos começando a ver resultados práticos que são muito promissores”, disse a representante do RS Biodiversidade pelo Banco Mundial, Bernadete Lange, durante a visita da UD de Rosário do Sul. “O Banco Mundial apoia o projeto por um tempo, mas o grande objetivo futuro é que estes produtores possam disseminar estas práticas conservacionistas”, completou.

De acordo com a gerente Setorial de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Região da América Latina e do Caribe do Banco Mundial, Karin Kemper, as primeiras impressões do trabalho são positivas. “O conceito do projeto está bem trabalhado. A equipe é formada por entusiastas e o trabalho com as pessoas está sendo bem feito”, disse Karin, que completou: “o Banco Mundial tem como objetivo ajudar seus países membros a continuarem a crescer. Mas é preciso que este crescimento seja de forma sustentável. Esse projeto pode ajudar nisso, pensando o lado econômico das famílias, mas também preservando a biodiversidade”, destacou.

Também participaram da visita às UD do Programa os especialistas financeiro e em licitações do Banco Mundial, João Vicente e Frederico Rabello, respectivamente, a bióloga da Fundação Zoobotânica, Luiza Chomenko, os representantes da coordenação geral do projeto pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Dennis Patrocínio e Joana Bassi, o coordenador do projeto pela Emater/RS-Ascar, Célio Colle, o coordenador regional do projeto pela Emater/RS-Ascar, Claudio Ribeiro, e os técnicos da Emater/RS-Ascar que acompanham as UD de Santana do Livramento e Rosário do Sul, Fábio Schlick e Moacir Bonotto, respectivamente.

UD de Rosário do Sul

O pecuarista familiar da localidade de Vacaquá, em Rosário do Sul, Eli Coelho de Melo, decidiu colocar sua propriedade à disposição para sediar o RS Biodiversidade por acreditar que o projeto será executado com sucesso. Ele fará 12 divisões em cerca de 10 hectares. “Conheci um senhor que fez o manejo rotativo e que parou de perder gado. Por isso eu já tinha planos de fazer e agora surgiu a oportunidade. Acho que o trabalho tem 100% de fundamento”, destacou.

O trabalho na UD ainda está no início. A previsão é de que o manejo com os animais inicie em setembro. “Esse produtor tem uma boa visão do que é o projeto e isso é importante para que dê certo”, destacou Bonotto.

Recursos

Os recursos para execução do projeto provêm de uma doação de cinco milhões de dólares do Fundo Global do Meio Ambiente (GEF) por meio do Banco Mundial, com contrapartida de 6,1 milhões de dólares por parte do Governo estadual, pagos através de medidas compensatórias.

Para execução do projeto, que tem duração de quatro anos, foi criada a Unidade de Gerenciamento do Projeto, lotada na Sema, composta também pelos órgãos coexecutoras Fundação Zoobotânica, Fepam, Emater/RS-Ascar e TNC (The Nature Conservancy) do Brasil.

Na região administrativa de Bagé da Emater/RS-Ascar estão sendo implantadas UD do RS Biodiversidade em Alegrete, Quaraí, Santana do Livramento, Rosário do Sul, Caçapava do Sul e Lavras do Sul.