O IAC, de Campinas, possui estudo inédito no País em corretivo fluído em solo tropical. O trabalho reflete o esforço da Instituição em desenvolver materiais melhores, práticos e eficientes para os produtores agrícolas.

No primeiro semestre de 2012, o pesquisador do IAC, Sandro Roberto Brancalião, iniciou testes com corretivo líquido. “Embora a pesquisa seja inédita no País existe registros de pesquisas sobre esse assunto na década de 1960 nos Estados Unidos. Esse produto pode ser alternativa importante para o fornecimento de cálcio e magnésio em soqueira na cultura de cana-de-açúcar”, diz o pesquisador.

A pesquisa é uma parceria do IAC com a Fertec. Embora o estudo ainda esteja no início, a expectativa é que sejam realizados experimentos na cultura de cana-de-açúcar, fruticultura e horticultura. “O principal benefício com o uso desse material é a minimização da deriva e alternativa de manejo na soqueira por meio de tecnologia de aplicação com turboatomizadores”, afirma Brancalião. O pesquisador reforça ainda a necessidade de mais estudos e testes para atingir um valor efetivo da economia na aplicação do corretivo fluído em comparação aos existentes no mercado. Ele também afirma que não há restrições do uso do produto nas lavouras.

O pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, informou que a empresa parceira já possuía análises desse produto na cultura do café, milho e sorgo. Os resultados iniciais apontaram que as plantas respondem facilmente à forma com que o cálcio e o magnésio depositados no solo em condições de estresse possuem reação mais rápida até a solução do solo.

“Esta pode ser alternativa no manejo e na neutralização da acidez de solos tropicais, tornando-se um produto mais eficaz diante das práticas de tecnologia de aplicação utilizadas atualmente”, diz Brancalião. O pesquisador afirma que para efetuar a calagem corretamente é necessário que os produtores rurais realizem primeiramente a análise do solo em laboratórios credenciados pelo ensaio de proficiência do IAC para poder usar o material de acordo com a necessidade da terra.

A pesquisa levou em consideração as normas que os produtores de orgânicos devem seguir, pois durante a calagem nessas áreas há especificações, e por isso, aplica-se menor quantidade de calcário em pó; com o uso do corretivo líquido torna-se necessário o redimensionamento da dose. Brancalião informa que no momento ainda não existe uma análise econômica do corretivo fluído.

O pesquisador garante que nessa fase inicial da pesquisa foi constatado que na cultura da cana-de-açúcar há indisponibilidade de ferro e manganês em solo mais argiloso. O estudo foi realizado em vasos instalados em estufas no período de 28 dias, anteriormente ao plantio da cana. O método de análise do solo é o padrão do Estado de São Paulo, indicado pelo Instituto Agronômico no Boletim 100. “Escolhi esse método devido ao respaldo do IAC em avaliação de calagem em diversos experimentos e em diversas culturas, o que possibilitou ratificar a necessidade de calagem em solos tropicais no Estado de São Paulo”, afirma Brancalião.

O pesquisador ressalta que cada tipo de solo pode assumir um comportamento diferente em relação à planta, pois é inerente à capacidade de troca de cátions e até mesmo às interações com a mineralogia do solo. “Isso cria um novo horizonte em pesquisa na área de fertilizantes, e a opção pode ser a fertirrigação, ou técnicas de correção do solo em zonas de manejo, objeto de estudo da agricultura de precisão, o que minimizaria os custos com este novo produto”, diz Brancalião.