Publicado em: 01/03/2012 às 09:30hs
O Journal of Heredity, um jornal da Associação Americana de Genética, localizado em Newport, no Estado de Oregon, publicou o primeiro estudo sobre o trabalho de sequenciamento genético do Zebu realizado pela Genoa, em parceria com a MSD Saúde Animal.
No artigo publicado, uma equipe de cientistas - brasileiras e canadenses, descrevem o uso de tecnologias de ponta para montar o genoma completo de um touro da raça Nelore.
Vilson Simon, diretor presidente da MSD Saúde Animal, declara que a MSD Saúde Animal, em parceria com a Genoa Biotecnologia, desenvolveram o Gtag® produto que busca resultados significativos para a pecuária. “Essa publicação colocou a pesquisa genômica bovina brasileira em um novo nível. O conhecimento da seqüência do genoma da raça Nelore abre perspectivas enormes para a indústria da pecuária”, afirma.
Publicação
O zebu, Bos indicus, uma de duas espécies de gado, juntou-se a um clube exclusivo que conta entre algumas poucas dezenas de membros, o cão doméstico, o panda gigante e seres humanos.
O Zebuino, caracterizado pela presença do cupim na região dorsal, se originou no Paquistão, tendo através da raça Nelore dominado os campos do Brasil centro norte. Os zebuínos são conhecidos pela sua alta tolerância ao clima quente e resistência a doenças.
Existem mais de 800 raças bovinas em todo o mundo, agrupados em duas espécies, taurinos (Bos taurus) e zebuínos, ou as de origem indiana (B. indicus). A maioria das raças de gado familiar nos EUA, Holstein, Hereford e Angus, são raças taurinas. O genoma de uma raça taurina foi sequenciado em 2009.
Os pesquisadores compararam o genoma zebuíno ao genoma taurino existente, encontrando mais de 99% de sobreposição entre as duas espécies. As principais diferenças no DNA das duas espécies foram mapeadas em uma ferramenta chamada “HapMap” que pode ajudar os pesquisadores a rastrear as diferenças genéticas entre as duas espécies que poderiam influenciar a qualidade da carne, a produção de leite e outras características.
Entre um total de mais de 20.000 genes taurinos que codificam as proteínas, apenas dois genes não foram identificados no genoma zebu. “Essas diferenças podem ser consequências da evolução ou domesticação do gado”, explicou Luiz H. Camara-Lopes, CEO da Genoa Biotecnologia S.A. e coautor no documento. “Em termos de diferenças de par de bases, no entanto, encontramos menos diferença entre os genomas zebu e taurino do que entre as raças taurinas Holstein e Angus,” acrescentou.
O projeto de sequenciamento foi realizado por um consórcio de pesquisadores da Genoa Biotecnologia, do Brasil e da Universidade de Alberta.
Usando o “sequenciamento de próxima geração”, os pesquisadores geraram bilhões de seções curtas de sequencias de DNA, e então encontraram áreas de sobreposição para amarrar as seções curtas juntas em um genoma montado. “O sequenciamento de próxima geração pode oferecer dados de DNA milhares de vezes mais rápido do que os métodos anteriores”, explicou o coautor João Meidanis da Scylla Bioinformatics. A montagem, mapeamento e análise do genoma zebuíno levaram menos de um ano, enquanto o primeiro genoma humano levou quase uma década.
O sequenciamento de próxima geração também forneceu uma replicação muito alta ou “grau de cobertura”, resultando em uma identificação mais precisa da variação no genoma zebu. Por exemplo, o primeiro genoma humano tinha uma cobertura de apenas 2X de cada segmento de DNA, enquanto que o zebu tem uma cobertura de 52X.
O genoma completo estará disponível ao público no GenBank, um banco de dados mantido pelo National Institute of Health dos EUA (NIH – Instituto Nacional de Saúde).
Como não existe mais gado selvagem, toda a diversidade genética de sobrevivência desta espécie reside em raças domésticas de hoje. No entanto, a maioria das raças comerciais está perdendo a diversidade genética, já que apenas alguns indivíduos, especialmente os machos, são utilizados em programas de reprodução seletiva. Esses acasalamentos de alta consanguinidade provavelmente continuarão em um esforço de aumentar a produtividade do gado, mas pode ter consequências acidentais negativas.
“A sequencia completa e montagem do genoma do gado vai permitir o desenvolvimento de ferramentas para resolver problemas oriundos dessa consanguinidade”, observa o coautor do estudo, Flavio Canavez, da Genoa Biotecnologia.
Agora que o mapa de DNA está completo, os pesquisadores podem se aprofundar no código genético do zebu, a fim de realizar reprodução seletiva. Poucos marcadores genéticos, seqüências de DNA que foram mapeados para locais específicos e associados com características particulares, têm sido identificados para o gado taurino. A partir desse estudo a Genoa pesquisou e mapeou marcadores moleculares específicos para os Zebuínos, nomeando-o de Projeto Gtag.Tais marcadores vem sendo disponibilizado pela MSD Saúde Animal aos criadores a fim de proporcionar aos cliente um maior acerto quando se escolhe os animais superiores do rebanho.
“Os consumidores irão se beneficiar de produtos mais baratos e mais saudáveis ??nas prateleiras dos supermercados”, disse Stephen Moore, ex-diretor do Programa de Genoma Bovino da Universidade de Alberta e atual diretor do programa de genoma bovino da Universidade de Queensland, na Austrália, e investigador no projeto do genoma da raça Nelore.
“O entendimento de quais genes contribuem para as características específicas do gado também pode ter aplicações secundárias em outras áreas, como saúde humana e doenças”, acrescentou.
Sobre G-tag®
O G-Tag®, acrônimo de “Genes & Traits for Animal Gain”, são marcadores moleculares desenvolvidos no Brasil pela Divisão de Genômica Bovina da Genoa em colaboração com o Centro de Genoma Bovino da Universidade de Alberta, do Canadá. Inicialmente, o trabalho foi desenvolvido especificamente para a raça Nelore.
É resultado de cinco anos de pesquisa que culminaram com o depósito de uma patente internacional de 46 regiões do genoma bovino para a característica Docilidade. Segundo Zadra, os marcadores desenvolvidos e validados especificamente numa raça, como feito pelo Gtag no Nelore, colaborarão para a aceleração da evolução do Nelore. Serão 30 anos em 10.
“Os resultados do Gtag já estão sendo colhidos pelos criadores, onde a equipe de técnicos da MSD vem orientando os selecionadores quanto ao uso dos resultados na direção correta”, ressalta Zadra. Uma das grandes vantagens dos marcadores moleculares é a oportunidade na antecipação das informações para seleção genética, já que eles permitem conhecer o potencial genético do animal logo após o seu nascimento.
Fonte: Alfapress Comunicações
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