Outros

Embrapa Pecuária Sul mostra na Expointer tecnologias para aumento da produtividade de bovinos com sustentabilidade

Tecnologias já disponíveis para os produtores e pesquisas que buscam o aumento da produtividade e da sustentabilidade da pecuária serão apresentadas pela Embrapa Pecuária Sul na 35ª edição da Expointer


Publicado em: 22/08/2012 às 18:10hs

Embrapa Pecuária Sul mostra na Expointer tecnologias para aumento da produtividade de bovinos com sustentabilidade

Em relação à ovinocultura estará à disposição do público tecnologias como a inseminação artificial com sêmen fresco, a introdução do gene Booroola e a sincronização de partos. Já em bovinocultura de leite, será exposta a pesquisa sobre sistema de cria de terneiras leiteiras em estacas. Outra ação apresentada na feira será a Rede de Pesquisa Pecus que está avaliando as emissões de gases de efeito estufa pela pecuária no bioma Pampa.

Ovinocultura

Com a retomada da ovinocultura, motivada pela valorização da carne, torna-se fundamental o aumento do rebanho ovino, o que tem sido alvo de várias políticas públicas. A utilização da inseminação artificial (IA) pode proporcionar uma ampliação no uso de carneiros selecionados por características desejáveis ou que possuam o gene da prolificidade (mutação Booroola). Uma infraestrutura adequada e a Sincronização de Partos são componentes do sucesso do processo de inseminação.

A Infraestrutura para a Inseminação foi desenvolvida e fomentada, nas décadas de 1940 e 1950, pelo Serviço de Fisiopatologia da Reprodução e Inseminação Artificial (Sfria) de Ovinos do Ministério da Agricultura. A disseminação dessa tecnologia de IA é uma ação de resgate realizada pela Embrapa Pecuária Sul, já que visa facilitar o manejo dos animais e o processo de utilização do sêmen fresco de um carneiro para inseminar lotes maiores de ovelhas. Com a sincronização de partos, tecnologia desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sul, além de reunir, no mesmo período, um maior número de fêmeas férteis para a inseminação, é possível fazer com que os partos coincidam com épocas de melhor disponibilidade alimentar, o que reduz as perdas após a parição.

A inseminação artificial é também uma ferramenta importante para a disseminação da tecnologia Booroola. A partir dos estudos realizados na Embrapa Pecuária Sul, o gene foi introduzido em ovelhas, quando se verificou o potencial de duplicar o número de cordeiros nascidos por ovelha acasalada. A tecnologia Booroola já está sendo utilizada por uma “3ª geração” de produtores, que já constatam os ganhos com o aumento da produtividade na criação de cordeiros para abate. Porém, o pesquisador José Carlos Ferrugem Moraes, da área de reprodução animal, ressalta que a adoção da tecnologia depende de um dispêndio maior de trabalho ao produtor, bem como um maior cuidado com o manejo, para evitar a morte de cordeiros antes do desmame.

Bovinocultura de leite

A fase de cria na pecuária leiteira representa um dos momentos cruciais para o desenvolvimento da terneira, pois nesse período observam-se os maiores índices de mortalidade nos sistemas de produção de leite, que no Brasil estão entre 10 e 20%. Além da importância do colostro para a imunização dos animais nas primeiras 24 horas após o nascimento, outros fatores principais estão relacionados à mortalidade nessa fase inicial. Entre eles, estão a contaminação ambiental, a aglomeração dos animais e a presença de ventos em locais com alta umidade. A tecnologia a ser apresentada de Sistema de cria de terneiras leiteiras em estacas comparou o desempenho desses animais ao sistema de criação com os animais mantidos juntos em abrigo, durante o período outono/inverno, por uma média de 60 dias da fase de aleitamento.

No manejo, as terneiras foram mantidas em estacas a céu aberto, em locais com pasto e com sombra, estando presas a uma corda de 2,5 metros, que permitia o comportamento lúdico dos animais, bem como o pastejo no local de acesso. Todas foram alimentadas com concentrado, feno e leite durante 90 dias e foram trocadas de local toda vez que o piso se mostrou inadequado. Este sistema requer pouco investimento, porém sua utilização é indicada em locais onde haja piquetes bem drenados, com grama resistente ao pisoteio e sombra em abundância por meio de árvores, abrigos ou sombrites. A grande vantagem, além do baixo custo, é o baixo nível de contaminação e o tratamento individual das terneiras. Entretanto, este sistema requer maior mão-de-obra do que sistemas coletivos.

De acordo com a pesquisadora responsável pelo projeto, Renata Suñé, a criação em estacas permitiu um consumo antecipado de feno e concentrado, o que otimizou o ganho de peso. “Foi constatado que aqueles animais mantidos em estacas tiveram ganho de peso 28% maior, e menos problemas sanitários, como diarreia e disfunções respiratórias, quando comparadas a outras terneiras mantidas em abrigo soltas e em grupo”, destaca a pesquisadora.

Pecuária

A participação da atividade pecuária nas emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE) tem propiciado diversos e intensos debates. Muitas vezes rotulada com a grande vilã nesta dinâmica, no Brasil ainda não existem estudos sistematizados e científicos sobre o papel da pecuária no processo. Com o objetivo de avaliar o balanço do carbono, foi criada pela Embrapa a Rede de Pesquisa Pecus, que vai estudar a dinâmica dos GEE nos seis biomas brasileiros.

No bioma Pampa, as pesquisas estão sendo lideradas pela Embrapa Pecuária Sul e as avaliações da dinâmica dos GEE vêm sendo conduzidas em três sistemas pecuários: Integração Lavoura-Pecuária (soja/milho-ovinos); terminação de bovinos de corte em pastagem natural manejada com diferentes níveis de intensificação; e recria de novilhas em ambientes pastoris, com diferentes níveis de interferência antrópica.

Para avaliar a dinâmica dos GEE, serão utilizadas diferentes metodologias, tanto para medir a emissão dos gases pelos animais e pelo sistema solo-planta, como para analisar a quantidade de carbono armazenado no solo no mesmo período. No caso dos animais, a emissão de metano é medida com a colocação de coletores junto às narinas, equipamento que vai mostrar a quantidade de gás emitido em determinado período. Já a emissão do sistema solo-planta é avaliada a partir de um equipamento formado por uma caixa hermeticamente fechada que, por meio de sensores, possibilita averiguar a quantidade de carbono que é liberada para a atmosfera. Por outro lado, amostras do solo são retiradas de diferentes profundidades para quantificar a quantidade de carbono que fica armazenado nos ambientes estudados. Segundo a pesquisadora Cristina Genro, coordenadora do Pecus no bioma, resultados da pesquisa mostram que no Pampa é possível criar bovinos de corte em pastagem nativa com baixas emissões de metano, mantendo o solo em excelentes condições, desde que os sistemas sejam manejados adequadamente.

Fonte: Embrapa Pecuária Sul

◄ Leia outras notícias