No mundo, atualmente, existem registrados 1308 bancos de germoplasma. Nesses bancos estão conservados mais de seis milhões de acessos dos mais diferentes gêneros e espécies vegetais.

No Brasil, na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, existem mais de 105.000 acessos conservados. Além disso, uma rede de Bancos Ativos de Germoplasma (BAG) espalhados pelo país complementa o sistema de recursos genéticos da Embrapa.

O valor momentâneo, para a agricultura, de todos esses recursos genéticos conservados é diretamente ligado aos dados e às informações disponíveis dos acessos conservados. As principais informações de cada acesso são disponibilizados pelos dados de passaporte, caracterização e avaliação. Dados de passaporte incluem, entre outros, número de identificação do acesso, dados taxonômicos, local de coleta, data de coleta e instituição doadora. Esses dados fazem parte dos descritores de passaporte publicados pela FAO (Multicrop Passport Descriptors), os quais são internacionalmente recomendados e utilizados. Os dados de caracterização dos acessos incluem características como altura de planta, período emergência - espigamento, período emergência - maturação, peso de mil sementes, forma e cor do grão e outros, dependendo da espécie. Dados de avaliação referem-se a produtividade, qualidade do grão, acamamento e comportamento em relação aos principais estresses bióticos e abióticos. Para a obtenção dos dados de avaliação existe a necessidade do envolvimento de uma equipe multidisciplinar, incluindo curadores de bancos de gemoplasma, melhoristas, fitopatologistas, fisiologistas, cada um avaliando características específicas.

A utilização dos recursos genéticos conservados nos bancos de germoplasma pelos programas de melhoramento, tem sido, para várias culturas, até o momento incipiente. Vários fatores têm contribuído para tal, muitos desses fatores tem se perpetuado ao longo do tempo, prova do tamanho do desafio posto.

Podemos destacar dentre esses motivos a preferência dos melhoristas por trabalhar com genótipos “elite”, adaptados a condição alvo, com alta produtividade. Além disso, muitos melhoristas consideram a variabilidade em suas coleções de trabalho suficiente para o melhoramento. Outro fator importante é que, na maioria dos casos, sobre os acessos conservados existem disponíveis poucas informações consideradas úteis pelos melhoristas. Essas informações desejadas são aquelas oriundas da avaliação de características de interesse, como comportamento em relação aos principais estresses bióticos e abióticos da cultura. Essas características normalmente são as mais difíceis de serem avaliadas devido a necessidade de repetições locais e temporais, pessoal especializado e de custo financeiro elevado. Contribui nessa situação, o grande número de acessos conservados nos bancos de germoplasma o que inviabiliza a avaliação de todo o germoplasma conservado. Nesses casos, uma alternativa exitosa e recomendada tem sido a utilização de coleções nucleares. Na coleção nuclear, que é um grupo limitado de acessos que representa a variabilidade de determinada coleção conservada em um banco de germoplasma, são concentrados os principais esforços, principalmente de avaliação. Ressalta-se ainda como outro aspecto importante o de que, normalmente, os acessos conservados não são adequados ao uso direto pelo melhorista, possuindo muitas características indesejáveis, embora, potencialmente, possam ser uma excelente fonte de genes de interesse.

Como alternativa surge a condução de programas de pré-melhoramento, ausentes na maioria dos casos. O pré-melhoramento tem como papel principal fazer essa ligação entre os recursos genéticos conservados e o programa de melhoramento.

Na Embrapa Trigo, com uma equipe multidisciplinar, nos últimos anos, estão sendo realizadas iniciativas visando a utilização dos recursos genéticos no melhoramento de plantas. Recentemente foi formada uma coleção nuclear representando a diversidade do BAG Trigo, na qual, esforços de avaliação para as principais características alvo do programa de melhoramento de trigo estão sendo realizadas.

 Sandro Bonow
Pesquisador da Embrapa Trigo