Conectividade e Digital

Com tecnologia avançada, o campo pode ser o futuro profissional para a nova geração

Automatização e inovação tornam o agronegócio mais atrativo e acessível


Publicado em: 19/02/2025 às 08:10hs

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A agricultura, tradicionalmente associada a trabalho árduo, está passando por uma revolução tecnológica que promete mudar completamente esse cenário. Com a introdução de máquinas autônomas e tecnologias cada vez mais precisas, as atividades no campo se tornam mais eficientes, menos dependentes de mão de obra física e, acima de tudo, mais atrativas para as novas gerações de profissionais, que buscam melhores condições de trabalho.

Essa modernização do trabalho rural responde a uma demanda importante: a falta de mão de obra qualificada no agronegócio. Entre os censos agropecuários do IBGE de 1996 e 2017, houve queda de 1,4 milhão de trabalhadores na agricultura do Brasil – um dos cinco maiores produtores mundiais, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) –, consolidando, dessa forma, uma permanente redução na demanda de força de trabalho agrícola desde 1985, quando 23,4 milhões de pessoas estavam ocupadas nos estabelecimentos agropecuários. 

No entanto, à medida que a tecnologia avança no agronegócio, acredito que essa realidade tem o potencial de mudar. A introdução de tecnologias avançadas está transformando o ambiente rural em um espaço de oportunidades para aqueles que buscam inovação e desafios profissionais, além de contribuir para a retenção de talentos no setor. Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agronegócio empregou 28,1 milhões de pessoas no primeiro trimestre de 2023, um aumento de 1% em relação ao final de 2022. 

No Brasil, alguns fabricantes têm dado passos importantes para essa transformação no setor. A Jacto, por exemplo, já utiliza tecnologia avançada para permitir a operação de máquinas remotamente. Equipamentos como os pulverizadores da linha JAV, que podem ser controlados à distância, trazem não apenas ganhos de eficiência, mas também oferecem novas perspectivas de carreira no campo.

O caso do setor florestal brasileiro também é revelador dessa tendência. Empresas como a Komatsu, líder em fabricação de maquinário do segmento, estão produzindo máquinas semi-autônomas que otimizam o plantio de mudas de eucalipto com altíssima precisão — alcançando até 10 centímetros de exatidão e produtividade de até 900 mudas por hora, o que reduz a necessidade de mão de obra em até 70% e garante que as operações continuem de forma eficiente, mesmo em períodos de baixa disponibilidade de trabalhadores. Essa inovação tecnológica impulsiona a eficiência das operações florestais, tornando o trabalho no campo mais sofisticado e atrativo.

Esse investimento dos fabricantes fortalece a posição do Brasil como um dos maiores exportadores de produtos florestais e de tecnologia avançada no segmento. Além disso, muitas dessas inovações são desenvolvidas no próprio país e atrai o interesse do mercado internacional. Essa demanda faz com que profissionais brasileiros, especialistas em automação e digitalização, sejam cada vez mais requisitados em posições globais, reforçando o campo como uma área de alta competitividade e potencial de crescimento profissional.

Para a nova geração, que muitas vezes enxerga as carreiras urbanas como mais atrativas, a modernização do agronegócio abre uma nova fronteira de possibilidades. Com a adoção de máquinas autônomas, sistemas de sensoriamento e inteligência artificial, as funções no campo passaram a exigir conhecimentos tecnológicos avançados. Isso não só eleva o nível de especialização dos trabalhadores, mas também melhora a remuneração e as condições de trabalho, tornando o ambiente rural muito mais dinâmico e inovador.

As perspectivas de carreira no campo agora incluem desde a supervisão de operações autônomas até a implantação, customizando componentes às necessidades específicas de diferentes atividades, e suporte de sistemas autônomos no campo, inclusive o gerenciamento de sistemas de dados, que proporcionam informações para basear decisões mais estratégicas e eficientes sobre o uso da terra. Esse cenário se alinha à busca das novas gerações por trabalhos mais conectados à tecnologia, que ofereçam desafios de desenvolvimento educacional e profissional, e proporcionem um impacto significativo no futuro da produção agrícola.

Portanto, a modernização do campo representa mais tecnologia, melhores salários e um trabalho menos exaustivo e mais seguro. Assim, o agronegócio brasileiro se posiciona como um campo de possibilidades — tanto para os que já estão inseridos no setor quanto para aqueles que buscam iniciar sua carreira. O futuro do trabalho rural, cada vez mais automatizado e tecnológico, e consequentemente mais produtivo, está pronto para acolher uma nova leva de profissionais que podem transformar o campo em um ambiente tão promissor quanto os grandes centros urbanos.

James Szabo, Gerente de Portfólio de Autonomia da divisão Autonomy e Positioning da Hexagon

Fonte: Dialetto

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