Publicado em: 06/12/2024 às 17:30hs
O Brasil ampliou significativamente sua área plantada de milho nas últimas duas décadas, passando de 12,8 milhões para 22,3 milhões de hectares, um crescimento de 74,6%. Esse avanço é atribuído ao uso de tecnologias modernas e ao aprimoramento genético, fatores que têm aumentado a produtividade e atraído agricultores em busca de melhores retornos financeiros. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O milho tem se consolidado como uma commodity estratégica para diversos setores, especialmente o de biocombustíveis, onde já responde por 16% da produção nacional, segundo o Balanço Energético Nacional 2024. Robson Vasconcellos, consultor de desenvolvimento de produtos na TMG Tropical Melhoramento & Genética, destaca que o etanol de milho, junto a setores como granjas e alimentação animal, tem contribuído para a estabilização dos preços do grão. “Essa estabilidade cria um ambiente mais atrativo e diversificado para os agricultores, assegurando fontes consistentes de renda”, avalia.
José Flávio, gerente de pesquisa da TMG, aponta que o melhoramento genético tem sido essencial para impulsionar a produtividade. “Os híbridos desenvolvidos no Brasil oferecem não apenas altos rendimentos, mas também resiliência ao estresse climático e biológico, aspectos fundamentais para regiões como o Cerrado, onde o solo e o clima apresentam desafios constantes”, explica.
Flávio destaca que o trabalho de pesquisa no país busca superar limitações históricas: “Embora os programas de melhoramento genético no Brasil sejam mais recentes que nos Estados Unidos, temos feito avanços significativos com tecnologias de manejo e proteção de cultivos. Ainda há um gap em produtividade, mas ele representa uma oportunidade para evoluirmos”.
Entre os obstáculos enfrentados, o clima tropical é um dos mais desafiadores. A persistência de pragas e doenças, como a cigarrinha, tem pressionado os agricultores a adotarem estratégias robustas de controle. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal, a infestação de cigarrinhas aumentou quase 200% na última safra.
Para enfrentar essas dificuldades, José Flávio defende uma combinação de práticas de manejo, uso de fungicidas e inovação genética. “O melhoramento genético precisa continuar evoluindo para fornecer cultivares mais produtivas e sustentáveis. Isso será crucial para garantir a competitividade do Brasil no mercado global”, ressalta.
Além disso, ele enxerga na evolução tecnológica das práticas agrícolas uma chave para consolidar o papel do milho na economia brasileira. “Minimizar os impactos de pragas, otimizar a proteção dos cultivos e maximizar o aproveitamento das condições adversas são prioridades. Com isso, podemos transformar desafios em novas oportunidades de crescimento sustentável para o setor”.
A aposta em inovação genética e manejo integrado reforça o potencial do Brasil para não apenas atender à demanda interna e externa, mas também consolidar sua posição como um dos maiores produtores mundiais de milho.
Fonte: Portal do Agronegócio
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