Agricultura Precisão

No limite

Tecnologia é o caminho para contornar a escassez de áreas agricultáveis, aponta estudo


Publicado em: 16/10/2012 às 14:10hs

No limite

O Cerrado – principal polo produtor de grãos do País – tem apenas entre 5 a 6 milhões de novos hectares aptos a serem utilizados pela agricultura, considerando áreas que ainda podem ser abertas conforme a legislação ambiental permite, bem como sendo viáveis do ponto de vista agronômico. Atualmente, a região tem aproximadamente 103 milhões de hectares distribuídos entre agricultura e pecuária.

É o que aponta estudo elaborado pela Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), numa iniciativa em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa e Fundação Dom Cabral. O levantamento, baseado em microrregiões extraídas de mapas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), usou a tecnologia de geoprocessamento para identificar estas novas áreas, que ainda podem ser incorporadas ao cultivo, especialmente do cereal.

O trabalho retirou do cálculo as regiões impróprias, que são caracterizadas por solos inaptos, com declividades que inviabilizam a mecanização agrícola e marcadas por períodos de chuvas irregulares.

A verdade, afirma o consultor Antônio Lício, responsável pelo estudo, considerando o que a lei ainda permite converter em área para plantio, agronomicamente a fronteira agrícola brasileira é pequena. “Só podemos crescer em área no Cerrado e também lá estamos chegando no limite”, afirma, prevendo que estas novas áreas devem ser utilizadas em no máximo três anos.

Tecnologia e produtividade


“A realidade é que existe pouca área agricultável ainda disponível e mesmo seu aproveitamento passa por viabilizar tecnologias que acarretem em boa produtividade”, diz Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura e presidente da Abramilho. “O desafio é disseminar o acesso à tecnologia, principalmente para o médio produtor rural.”

Segundo Paolinelli, investir em pesquisa agrícola e resgatar a extensão e assistência técnica rural pública é uma medida fundamental para o bom uso destas áreas, assim como para também transformar pastos degradados em solos aptos à agricultura, o que exigirá da pecuária incremento de produtividade. “Mas devido à escassez de recursos, o governo precisará de parcerias com a iniciativa privada para isso.”

Segundas safras

O levantamento da Abramilho diagnosticou, ainda no Cerrado, cerca de 66 milhões de hectares entre áreas já utilizadas e pastagens deterioradas – que podem ser incorporadas –, com potencial para o cultivo de segundas safras de grãos. “Isso, de fato, é uma tendência sim, especialmente para milho, sorgo e girassol”, ressalta Césio Humberto de Brito, professor de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia.

Todavia, mais uma vez, a utilização efetiva destas áreas requer uso intensivo de tecnologia. “São necessárias novas cultivares, de ciclos curtos, compatíveis aos índices de chuvas das diversas microrregiões, bem como que sejam resistentes a pragas e doenças do solo”, explica Lício, complementando que as segundas safras podem aumentar em aproximadamente 50% a produção brasileira de milho.

Fonte: Sou Agro

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