Publicado em: 26/01/2012 às 09:50hs
Em 1917 foi oficializado o brasão da capital paulista. Com ramos de café, o símbolo oficial da cidade carrega há 95 anos a imagem do principal produto nacional daquela época, período conhecido historicamente como o “Ciclo do Café”. E São Paulo contempla, mesmo, uma diversidade superlativa. Com mais de 11 milhões de habitantes, número superior a Portugal inteiro, da zona norte à zona sul, a cidade também tem desde a criação de ovelhas, cabras, bois, suínos, aves, até o cultivo de hortaliças e plantas ornamentais.
O programa Agricultura Limpa, da prefeitura, conta com pelo menos 400 agricultores cadastrados. Sim, agricultores paulistanos. A iniciativa, segundo Nadiella Monteiro, diretora do Departamento de Agricultura e Abastecimento da cidade, “nasceu da necessidade de reestimular agricultores da região sul a manter a produção. Mas em dois anos, já estamos presentes em todas as regiões”.
Ela conta que, na zona sul é mais comum a produção de plantas ornamentais e hortaliças, e acredita que “a agricultura por perto traz de volta a valorização do agricultor, um pouco esquecida ao longo dos últimos anos”.
Aprendendo a plantar, a colher e a ser cidadão
Há 10 anos, buscando atender as necessidades da região de São Mateus, zona leste da capital, o Centro Educacional Comunitário Tabor oferece o curso técnico em agropecuária. A diretora da instituição, Adriana Aparecida Romão, diz que “são pelo menos 300 profissionais formados pela Tabor, e 99% empregados, trabalhando aqui em São Paulo”.
São jovens a partir de 15 anos, e sem limite de idade para ingressar no curso que conta com disciplinas que ensinam desde empreendedorismo, até técnicas de produção de laticínios. “Do leite das cabras criadas aqui, e são de 80 a 90 litros por dia, os alunos aprendem a fazer queijo, achocolatado, sorvete. Tudo que for possível”, explica Adriana, que afirma convicta: “atuando na cidade, fazendo parte do munícipio, a pessoa quer cuidar melhor de onde vive, e o contato com a terra, com a vida, traz essa preocupação”.
São Paulo e sabores
Na capital paulista existem ao menos 15 Ongs envolvidas com assuntos relacionados ao agro. São instituições preocupadas com a agricultura urbana, e também com pequenos produtores, “muitos desestimulados a continuar com o cultivo, como na região de Parelheiros, zona sul da cidade”, diz Nadiella. “E estas iniciativas colaboram com a perenidade de ações como a da Agricultura Limpa”, acredita.
São Paulo também é a capital das feiras livres. E muitas vezes, este é um momento importante para o produtor, que pode vir a ter contato direto com o consumidor. “É o alimento fresco, a curiosidade de quem não sabe como é cultivado e a disponibilidade do agricultor. Muitos passam a plantar um tipo diferente de produto depois de um cliente pedir na feira”, conta Nadiella.
Da riqueza da terra brasileira, atualmente também existe uma culinária típica do Brasil e reconhecida internacionalmente. E São Paulo tem três restaurantes entre os cem melhores do mundo. D.O.M., Fasano e Maní. Eles estão entre os mais de 12 mil estabelecimentos da cidade.
Celso dos Santos Silva, consultor do sindicato de hotéis, restaurantes, bares e similares de São Paulo (SinHoRes-SP), acredita que o cenário atual revela chefs que reconhecem os valores da agricultura, seja do pequeno ou do médio produtor. “Se não tiver a agricultura, que é a base, não tem nada, a culinária não se sustenta”, diz ele.
O especialista conclui defendendo que, “além da preocupação sustentável, isto também garante qualidade e diversidade no cardápio”. E se a França tem o terroir, termo que identifica a terra de origem de determinado produto e suas peculiaridades, o Brasil e São Paulo têm uma imensidão de sabores, que fazem da capital paulista uma das cidades mais gostosas do mundo.
Fonte: Sou Agro
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