Legisladores europeus aprovaram nesta quinta-feira (16) um controverso acordo de comércio em agricultura e pesca com o Marrocos que desagradou produtores franceses e espanhóis. O acordo, apoiado pela Comissão Europeia, vai retirar imediatamente as tarifas sobre 55% das exportações agrícolas do Marrocos para os 27 países da União Europeia (UE), ante os 33% atuais. O Marrocos, por sua vez, vai eliminar tarifas sobre 70% das exportações agrícolas da UE dentro de dez anos, ante 1% atualmente. O acordo foi aprovado por 369 votos a 225.

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, reconheceu que “não foi uma votação fácil”, mas a aprovação mostrou que os Membros do Parlamento Europeu estão “falando sério sobre a melhoria das relações com seus vizinhos no sul”. Ele acrescentou que “o Marrocos e a Comissão Europeia precisam agora ajudar a dissipar as preocupações de muitos de meus colegas sobre o acordo, especialmente no que diz respeito aos direitos dos produtores, ao combate a fraudes, à proteção ambiental e aos padrões de segurança alimentar”.

José Bové, membro francês do parlamento e líder na negociação da legislação, alertou que o acordo foi “desequilibrado”, observando que os produtores europeus não podem competir com trabalhadores marroquinos, que recebem cinco euros por dia. O acordo “vai colocar os produtores em uma situação de competição insustentável”, lamentou Bové, que também é produtor.

O comissário europeu de agricultura, Dacian Ciolos, insistiu que foram colocadas salvaguardas para proteger os produtores europeus, destacando que produtos como tomate, abobrinha, pepino, alho, laranjas clementinas e morangos foram excluídos do acordo. As informações são da Dow Jones.