A partir do dia 20 deste mês, técnicos das cooperativas de crédito Sicoob e Ascob, da Fetag e Fetraf serão incorporados aos assessores de crédito e agrônomos do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), formando um batalhão com cerca de 800 profissionais que estarão em campo, nos 250 municípios atingidos pela seca, realizando mutirão para agilizar a liberação do crédito emergencial para os agricultores familiares. Até agora, o BNB atendeu a 4.500 propostas, liberando R$ 33 milhões. Mais 2.800 propostas, no valor de R$ 24 milhões, estão em carteira para liberação.

“Fizemos um balanço com o BNB e entendemos que os recursos do crédito emergencial liberados até agora são modestos”, disse o secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, explicando que “nosso objetivo é fazer com que os recursos do crédito emergencial cheguem mais rapidamente aos agricultores familiares, que vivem situação dramática com a estiagem prolongada”.

Essa questão foi debatida em reunião no final da tarde desta segunda-feira (9) com o presidente interino do BNB, Paulo Sérgio Ferraro; com o superintendente na Bahia, Nilo Meira, e o diretor de Gestão do Desenvolvimento, Stélio Gama, e demais membros do staf do banco; com os dirigentes da Fetraf, Fetag, Sistema Sicoob Bahia e Associação das Cooperativas de Apoio à Economia Familiar (Ascob). Participaram também Wilson Dias, superintendente de Agricultura Familiar da Seagri (Suaf), e Tiago Figueiras, chefe de gabinete da EBDA.

A reunião com o BNB foi solicitada pelo secretário Eduardo Salles, com o objetivo de transmitir as demandas e críticas construtivas feitas por centenas de agricultores familiares durante reuniões de trabalho realizadas nas últimas semanas em municípios castigados pela estiagem, relatando as dificuldades encontradas para acessar o crédito emergencial.

Para atender a grande demanda e agilizar os procedimentos ao BNB, o secretário sugeriu que o BNB deslocasse técnicos das agências dos municípios não atingidos pela estiagem para as regiões que estão no perímetro da seca, procedimento que de acordo com Nilo Meira o banco já está fazendo. A EBDA, conforme disse Tiago Figueiras, também já adotando essa estratégia.

O BNB atendeu as reivindicações dos agricultores e vai assinar convênio permitindo ao sistema de cooperativas de crédito contratar o crédito de emergência da seca, autorizando ainda aos técnicos da Fetag e da Fetraf elaborar projetos de crédito e preencher planilhas. Essa estratégia vai dar mais agilidade à liberação do crédito emergencial.

Preparando a mobilização, nos dias 17 e 18 deste mês cerca de 50 técnicos das cooperativas de crédito, Fetag e Fetraf, que serão multiplicadores, serão capacitados pelo Banco do Nordeste do Brasil, no Centro de Treinamento da EBDA para que, a partir do dia 20, comecem a atuar nos 250 municípios atingidos. Dos 800 agentes que serão mobilizados neste mutirão, 120 são do BNB, 50 Fetag, 50 da Fetraf, 40 do Sicoob e 13 da Ascob. Os demais são do quadro da EBDA.

De acordo com Nilo Meira Filho, Superintendente do BNB na Bahia, os agropecuaristas enquadrados no Pronaf B, com acesso a crédito de R$ 2.500,00 no pacote de estiagem, são atendidos pelos assessores de créditos do programa AgroAmigo.

Os pequenos, médios e grandes, com acesso a créditos de R$ 2.500,00 até R$ 12, terão os planos de negócios, dizendo quais serão os investimentos, elaborados pelos técnicos da EBDA e das organizações que farão parte dessa força tarefa organizada para agilizar o crédito. Os demais, com acesso a crédito acima de R$ 12 mil, até R$ 100, deverão elaborar seus planos de investimentos através empresas de projeto

Com juros de 1% ao ano para pequenos agricultores com direito a crédito de até R$12 mil, e de até 3,5% ao ano para os demais, os recursos serão utilizados como capital de giro, investimento e custeio para todas as despesas inerentes à agropecuária, demandas urgentes e comuns aos agropecuaristas dos municípios que decretaram estado de emergência. O pequeno agropecuarista terá ainda direito a um bônus de adimplência de 40% sobre as parcelas de financiamento pagas em dia. 

Decretos precisam ser renovados

O superintendente do BNB, Nilo Meira, lembrou que os prefeitos dos municípios que estão em estado de emergência precisam renovar os decretos, porque a legislação exige que o decreto esteja em vigor no momento da contratação do crédito.

Nesta terça-feira (10), durante reunião do Comitê da Seca, o secretário estadual Eduardo Salles vai sugerir que o Comitê encaminhe ofício ao presidente da União dos Prefeitos da Bahia (UPB), chamando a atenção para essa questão.

O presidente em exercício do BNB, Paulo Sérgio Ferraro, destacou a importância da Bahia para a agricultura familiar, e afirmou que esse projeto de mobilização que o Estado está colocando em prática será modelo para todo o Nordeste. Ele avaliou que “a parceria com as entidades sociais geram resultados positivos, e nós desejamos chegar ao fim do ano com o total dos recursos de crédito emergencial, de R$ 1 bilhão, totalmente aplicado”.