De acordo com André Nassar, coordenador da RedeAgro, a conferência pode deixar um recado significativo, com foco no desenvolvimento sustentável, ao encampar uma mensagem de diversidade de modelos de produção, sejam eles agroecológicos, empresariais ou orgânicos. “Segurança alimentar não se garante só com um modelo agrícola.” Hoje, o mundo tem aproximadamente um milhão de pessoas passando fome, apontam dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Para Gleyse Peiter, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), é possível e necessário haver conexão entre diferentes sistemas de produção, especialmente no tocante ao intercâmbio de tecnologias. “Não só do grande produtor para o pequeno, mas do pequeno para o grande também. O importante é ter uma agricultura forte.”

Na avaliação da FAO, o declínio da produtividade agrícola faz com que pessoas invadam florestas, pastagens e áreas úmidas, criando um espiral de degradação ambiental e pobreza. Na visão do órgão, aumentar a produtividade agrícola é essencial para o desenvolvimento sustentável, porque reduz a pobreza e o estresse no ambiente.

Ainda, segundo Gleyse, a combinação de crise econômica, energética e climática vem encarecendo o preço dos alimentos. No que diz respeito à matriz energética, a conselheira do Consea criticou os elevados subsídios, em nível mundial, destinados à energia fóssil – cerca de US$ 312 bilhões – em detrimento a fontes renováveis, que contam com incentivos governamentais da ordem de US$ 57 bi.