Publicado em: 25/04/2012 às 16:50hs
Dificuldade de acesso a créditos oficiais para custeio de safra, juros de financiamento em banco governamental em torno de 13%, retenções sobre o rendimento na casa dos 30% e tabelamento de preços abaixo do mercado, de produtos como o trigo, são queixas frequentes entre os produtores argentinos.
A engenheira agrônoma Martina Morea, administradora das fazendas Las Gamas e La Alpargata, na província de Melincué é uma das produtoras que engrossa o coro dos descontentes. Martina gerencia os cultivos em 2,9 mil hectares da família e contou ao grupo de produtores goianos - que visitou a propriedade essa terça-feira (24-04) - que a cada quatro meses paga ao governo 130 mil pesos argentinos referentes aos impostos sobre a terra.
A família, que planta soja, milho e trigo como culturas principais, vem a cada ano investimento menos nos campos de trigo. Martina explicou que há duas safras o governo de Cristina Kirchiner tem adotado o tabelamento dos preços do produto entre US$ 120 e US$ 200 a tonelada, altamente desvantajoso para o produtor. Para agravar o quadro, este ano a região sofreu a mais rígida seca das últimas duas décadas. Em anos de clima adequado, as precipitações ficam na casa de 1.100 milímetros anuais, mas de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012 choveram 14 milímetros, justamente no momento da floração da soja.
Modelo produtivo
Os Morea também praticam o modelo de terceirização amplamente utilizado na argentina. O plantio, as pulverizações e a colheita são feitos por um contratista que já trabalha com a família há muitos anos. As propriedades de Martina, seus pais e irmãos não possuem equipamentos e máquinas para a execução destes serviços, com exceção das pulverização que agora são feitos em um pulverizador recém adquirido pela família. Depois de ser utilizado nos campos próprios, os Morea também alugam a máquina no modelo de contratista para outros produtores. "Esse é o melhor modelo, pois não justifica manter um capital imobilizado em máquinas para pequeno cultivos", explicou Martina.
Outro fator que faz com que os Morea optem pela terceirização é o clima. A administradora explicou ao presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário Schreiner e aos demais componentes do grupo que as mudanças climáticas têm sido bruscas nos últimos anos e isso exige imediatismo nas ações de plantio e colheita. "Temos uma janela muito curta para plantio e colheita. Tudo tem de ser feito com muita rapidez antes que o clima nos castigue. O maquinário terceirizado vem na quantidade necessária para nos atender", disse Martina.
A 130 quilômetros do porto de Rosário, por onde 80% da produção argentina é escoada, a família é a responsável pela logística e custo entrega da colheita para exportação. Martina explicou que 10% de todo o faturamento dos propriedades é com custo de frete para o porto.
Diversificação
Em momentos de dificuldades da agricultura, a família Morea tem como segunda opção de renda a pecuária. Na propriedade são cerca de mil cabeças de Aberdeen Angus criados para abate. "Nos anos em que a agricultura não vai bem, garantimos renda com a pecuária", disse Martina ao grupo durante a visita à área de pastejo dos animais que tem como base a alfafa. Os resultados têm surpreendido Martina. Ela diz que em um ano e seis meses os animais estão prontos para o abate, com peso vivo em torno de 470 quilos e rendimento de carcaça de 58%.
Após conhecer a atuação da família Morea, o grupo que participa da Missão Técnica de Grãos retornou a Buenos Aires onde se encontro com os produtores integrantes da Missão Técnica de Pecuária de Corte. Ambos acompanham nesta quarta-feira (25/04) uma apresentação da Sociedade Rural Argentina (SRA) e partem para a segunda etapa das missões que será realizada em território uruguaio.
Fonte: FAEG - Federação da Agricultura do Estado de Goiás
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