Cerca de 75% da produção agrícola do Paraguai passam pelas mãos de produtores brasileiros. A relação harmônica com o Brasil é o que deve sustentar a economia agrícola do país vizinho. O medo dos paraguaios é que a transição de governo possa estremecer os acordos firmados com o Brasil e com os demais países do Mercosul.

Entre os mais de 400 mil 'brasiguaios', denominação utilizada para os brasileiros que vivem no Paraguai, está o produtor José Marcos Faraiba. Ele vive no Paraguai há 20 anos plantando soja, milho e trigo e conta que o agronegócio na região é pujante. "A infraestrutura não é um problema que impede a competitividade com outros produtores. Bem diferente de Mato Grosso - maior produtor agrícola do Brasil - onde o custo de produção é mais alto que no Paraguai", diz.

O produtor reconhece que o Paraguai vive um momento político delicado, em função do impeachment do ex-presidente Fernando Lugo, substituído pelo vice Frederico Franco. No entanto, enfatiza que o país não está em crise interna e que a relação do setor produtivo com as novas autoridades governamentais é satisfatória. "Esperamos que o governo brasileiro também mantenha vínculos amigáveis com o novo governo do Paraguai. Uma possível sanção do Brasil poderia prejudicar os produtores brasileiros que vivem no país, bem como a economia paraguaia".

O economista e especialista em mercado internacional, Vitor Galesso, avalia que as sanções são improváveis de ocorrer, a menos que a troca de governo no Paraguai fosse inconstitucional. "Não havendo desrespeito à Constituição o Paraguai não terá problemas na quebra de acordo com outros países".

O presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), deputado federal Homero Pereira (PSD-MT), exemplifica que boa parte das exportações paraguaias é feita em portos instalados no Brasil, o que aumenta a dependência econômica.

Encontro

Segundo Homero Pereira, a relação entre os dois países deverá se manter saudável e segura. Na terça-feira (26), um grupo de produtores rurais do Paraguai participou, em Brasília, de uma série de reuniões com representantes do setor agropecuário brasileiro e do Poder Legislativo.

Parlamentares brasileiros devem ser convidados a conhecerem a situação no país vizinho.