Por coincidência, eu havia falado há poucos minutos, sobre a importância da Frente Parlamentar da Agropecuária como protagonista de temas importantes ao setor produtivo do Brasil Nesse momento, observei que, ao atender a um telefonema e sair da sala, Nelson Paludo Presidente do Sindicato de Toledo-PR, ficou com uma expressão de preocupação e agitação. Pensei comigo, o que teria acontecido com ele, já que o Nelson é uma pessoa muito calma.

Continuávamos em nossa reunião, quando Nelson Paludo retornou à sala e veio até mim, cochichou ao meu ouvido dizendo, o Deputado Micheletto acabou de falecer no Paraná, vitima de um acidente de carro. Fiquei imóvel por instantes, um filme passou em minha mente. Interrompi a reunião e anunciei, perdemos um grande homem, um grande general na defesa dos interesses do setor produtivo e do Brasil. Pude presenciar a tristeza que se assolou no semblante de todos, Micheletto era reconhecidamente querido por todos os presentes.

Eu tive a oportunidade de conviver, nos últimos dois anos, com o Deputado Micheletto. Um período de grande aprendizado para mim, pois, quanto mais eu o conhecia mais o admirava, pela sua simplicidade, seu jeito brincalhão e sempre muito firme naquilo que defendia.

Em diversas oportunidades pude presenciar a garra com que ele enfrentava os problemas, dos mais complexos, e a forma destemida como a dos grandes guerreiros em ir para uma batalha, sem se importar se ao final dela iria sair sem vida, a ele importava a causa, Micheletto tinha seus ideais e isto norteava sua vida.

Homem simples formou-se em agronomia, começando sua atividade profissional como extensionista agrícola pela EMATER/PR, atividade a qual exerceu por 18 anos. A extensão rural foi sua grande base, já que pode acompanhar de perto todos os gargalos da produção rural do brasil. A política estava em seu sangue, sendo sempre um defensor classista, foi presidente de associação de engenheiros agrônomos, diretor cooperativista, presidente do Lions Club de Assis Châteaubriant, presidente do Sindicato Rural da mesma cidade, chegando a ser presidente da FAEP (Federação da Agricultura do Estado do PR).

Nos anos 70 finalmente se filia a Arena e ingressa na política, dai em diante todo o Brasil que produz ia saber e reverenciar o nome deste baixinho que, assim como o Senador Jonas Pinheiro, deixaria escrito seu nome no coração dos produtores rurais deste país.

Micheletto foi um dos fundadores da Frente Parlamentar Agropecuária, ele sempre entendeu que os parlamentares precisam atuar em bloco, era daqueles que não importa quem sai na foto, o importante é termos resultado que tire um sorriso dos sofredores do campo. Micheletto presidiu a Frente Parlamentar de Cooperativismo, tinha a união em seu sangue. Toda semana bastava passar na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados que lá estava ele ao microfone, firme, defendendo os interesses dos produtores rurais.

No decorrer dos seus seis mandatos, Micheletto foi um guerreiro determinado, tornou-se um grande general, daqueles que não importa onde será a batalha, o que importava era a causa, o objetivo. Micheletto era um general experiente e estudava minunciosamente cada combate. Era um líder nato e por isto foi escolhido para presidir a Comissão Especial do Código Florestal, uma comissão como esta precisava de um sábio, com a garra e a força de um leão.

Micheletto é uma daquelas pessoas que merecem um livro, um busto, mas sem dúvida, independente disto, jamais será esquecido, suas ações e atitudes serão para sempre relembradas e servirão de exemplo para as incontáveis batalhas e discussões que ainda teremos na busca de dignidade ao setor produtivo.

Glauber Silveira é presidente da Aprosoja Brasil