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O Brasil precisa de uma política fitossanitária mais clara

Especialistas reunidos em evento sobre pragas em SP pedem legislação mais moderna e medidas mais ágeis para proteger a nossa agricultura


Publicado em: 24/05/2013 às 15:20hs

O Brasil precisa de uma política fitossanitária mais clara

O Brasil é, entre os países emergentes, o que tem a agricultura mais pujante e que tem sido cada vez mais ameaçada por novas pragas, sendo as mais recentes e severas a lagarta Helicoverpa armigera, que ataca lavouras de soja, milho e algodão, e a bactéria Candidatus Liberibacter spp, causadora do greening, dos citros.

Com a globalização, o aumento das viagens, eventos e transações internacionais, aumenta a vulnerabilidade do País às pragas. “Os problemas têm aumentado e o impacto das espécies invasoras também”, afirmou Denise Návia, da Embrapa Recursos Genéticos, no workshop “Ameaças fitossanitárias”, realizado pela Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária nesta quinta-feira, 23 de maio, em São Paulo.

“A agropecuária tem um peso enorme na economia brasileira e talvez não tenhamos uma defesa vegetal à sua altura; por isso, a sociedade deve pressionar o governo para tomar medidas a respeito”, sugeriu Marcelo Lopes da Silva, também da Embrapa Recursos Genéticos. Lopes da Silva e Luís Eduardo Rangel, do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA), defenderam a necessidade de uma legislação mais moderna e políticas claras, que preveem mais agilidade e mecanismos mais eficientes de prevenção de entrada, detecção e controle de novas pragas no Brasil.

Segurança nacional

“Vamos fazer o que for necessário para proteger a agricultura nacional”, afirmou Rangel, do MAPA, chegando a sugerir o uso do exército, “já que a infestação da Helicoverpa é caso de segurança nacional, em função da importância econômica da nossa agricultura.

A Helicoverpa armigera, praga quarentenária que já causou prejuízos avaliados em R$ 2 bilhões à agricultura brasileira, principalmente aos cotonicultures e sojicultores do oeste da Bahia, também ameaça lavouras de milho, girassol, feijão guandu e milheto. Os valores referem-se a gastos com aplicações de defensivos agrícolas e perdas de produtividade.

Os estragos foram tantos que os produtores de soja e algodão da Bahia vão poder aplicar, pela primeira vez e em caráter temporário e emergencial, o defensivo agrícola benzoato de emamectina em suas lavouras.

“Não temos estrutura adequada e nossa legislação é muito antiga, afirmou Rangel, referindo-se à Lei no. 7.802, de 1989, que rege o registro e a comercialização de agrotóxicos no País, e à Instrução Normativa de 1934, que trata de liberação de produtos para uso emergencial. Ele ressaltou, porém, que o caso da Helicoverpa é atípico, pela sua severidade.

Segundo Lopes da Silva, faltam mecanismos de prevenção e detecção mais rigorosos e efetivos, como nos Estados Unidos, para evitar a entrada de novas pragas no Brasil. Nos EUA, os prejuízos anuais associados a perdas e controle de plantas invasoras é de US$ 136 bilhões. A entrada das pragas pode se dar por um produto agrícola importado, dispersão natural, intencional (bioterrorismo) ou estar associada à movimentação das pessoas, em viagens internacionais.

Fonte: Sou Agro

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