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Ministério diz que exportação crescerá mas produtor rebate

Estudo divulgado ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) traça um cenário em que as exportações brasileiras de carne suína cresceriam 23,1% em dez anos. Já os produtores veem o momento do setor como crítico e entendem que as projeções podem não se confirmar sem mudanças na suinocultura brasileira


Publicado em: 03/04/2012 às 16:40hs

Ministério diz que exportação crescerá mas produtor rebate

Na mesma ocasião em que a projeção foi apresentada - a Feira da Indústria Latino-Americana de Aves e Suínos (AviSui), em São Paulo -, o economista José Roberto Mendonça de Barros fez um alerta que poderá contrariar o otimismo ministerial. Ele disse que os preços do milho e da soja, pressionados pela demanda chinesa e pelas quebras de safra na América Latina, devem se manter "muito firmes", prejudicando a pecuária nacional.

Graças ao custo desses insumos, utilizados durante a engorda dos suínos, os granjeiros de Nova Mutum, no Mato Grosso, vêm fechando as contas no vermelho, segundo o diretor da granja Ideal Agro (com 5.500 matrizes), Pedro Roberto Tissiane.

"Tem produtor fechando granja e abatendo matrizes por causa dos prejuízos", afirmou o pecuarista. Tissiane disse que o custo de produção de um suíno vivo, na região, está em R$ 2,10 por quilo, enquanto a indústria local paga R$ 1,60 pelo mesmo peso. "Há um extremo muito caro, e o outro, muito barato", observou.

O motivo da disparidade é que "o preço do farelo de soja e do milho saiu do nosso controle", explicou Tissiane. De acordo com ele, a tonelada do farelo custa de R$ 630 a R$ 650, enquanto a do grão gira em torno de R$ 310 por tonelada, sendo estes insumos, hoje, responsáveis por 70% dos custos de produção totais.

Crise, reivindicações

Alegando que o segmento passa por uma crise, representantes da suinocultura reuniram-se há cerca de dez dias com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho. Na ocasião, pediram a criação de novas políticas para a criação de suínos, como o estabelecimento de preço mínimo para a carne e teto para o valor do milho, com base em estoques públicos.

"Por condições operacionais, o governo não estabelece o preço mínimo. No entanto, tem a Linha de Crédito Especial à Comercialização (LEC), que estabelece melhores condições para a venda futura", disse, em nota ao DCI, o diretor do departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário do Mapa, Edilson Guimarães. De acordo com ele, o ministério entende que o LEC é suficiente "para atender às necessidades do setor".

Mas as políticas existentes não são capazes de resolver a "crise que afeta o setor", na visão dos presidentes da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Marcelo Lopes e Paulo Lucion. Os representantes solicitaram ao governo um programa de disponibilidade de estoques públicos de milho. "O intuito é oferecer outra alternativa para o produtor além do leilão, perante a aflição decorrente do mercado apertado", disse Lucion, durante a reunião com o Mapa.

Em resposta, Mendes Ribeiro disse que "vocês têm um ministro que acredita na suinocultura como um grande fortalecedor do agronegócio. Faremos de 2012 o ano da suinocultura".

(Des)embargo

Por outro lado, as negociações entre o Brasil e a Rússia parecem avançar. O Mapa divulgou no último fim de semana que o encontro entre o ministro Mendes Ribeiro e a ministra da Rússia Elena Skrynnik resultou em novas possibilidades de compra do trigo russo e de certificações na pauta bilateral - indo tudo na direção de, é claro, desembargar a carne suína do Brasil.

Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

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