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Lideranças do agro criticam timidez do pacote de infraestrutura logística

Dirigentes lamentam a falta de investimentos em portos, hidrovias e integração dos modais


Publicado em: 21/08/2012 às 17:30hs

Lideranças do agro criticam timidez do pacote de infraestrutura logística

Lideranças e dirigentes do agro criticaram a timidez do pacote de investimentos em infraestrutura logística anunciado nesta quarta-feira (15) pela presidente Dilma Rousseff. Batizada de “Programa de Concessões de Rodovias e Ferrovias”, a iniciativa terá investimentos de R$ 133 bilhões por meio de parcerias público-privadas para modernização e ampliação da malha rodoviária e ferroviária.

Segundo o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, serão investidos R$ 91 bilhões em 10 mil km de ferrovias e R$ 42,5 bilhões em 7,5 mil km de rodovias. De acordo com o ministro, os investimentos em rodovias terão que ser executados nos primeiros cinco anos e o pedágio só poderá ser cobrado quando 10% das obras estiverem concluídas. A escolha dos concessionários será feita com base na menor tarifa de pedágio oferecida.

Avaliação


“O governo se esqueceu dos portos e hidrovias”, afirma o presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Cosag-Fiesp), João de Almeida Sampaio Filho. “A intenção é boa, mas vejo com desconfiança a execução. O setor produtivo, não só o agro, já perdeu competitividade demais, em razão, dos problemas logísticos.” Segundo João Sampaio, a ineficiência dos portos, por exemplo, é um gargalo gigantesco, que coloca em risco a viabilidade das exportações brasileiras.

Cesário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), concorda com as críticas, ressaltando que o programa cobre apenas um pedaço do que precisa ser feito. “A verdade é que a infraestrutura logística do País está falida e os produtores rurais estão cansados desta situação”, diz.

Carlos Fávaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) e do Movimento Pró-Logística, avalia que as concessões são uma redenção do governo, com o intuito de tirar algo do papel, de fazer alguma coisa andar. “Se ele [o governo] não consegue fazer as obras, que realmente deixe para a iniciativa privada”, salienta.

“O governo cortou vínculos com o atraso e convenceu-se que, sem a participação da iniciativa privada, seria impossível superar os desafios da infraestrutura e da logística”, frisa a  presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu.

Os dirigentes são unânimes em afirmar que falta ao novo programa uma medida voltada à integração dos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário. Em relação a este último, Fávaro diz ser um grave erro “não ter nada dedicado ao transporte por rios”, que “é mais barato e reduz a emissão de gases efeito estufa, por exemplo”.

O Brasil, segundo o presidente da Aprosoja, não pode mais ser o país do futuro. “A hora é agora.” João Sampaio eleva o tom, lembrando que este governo e o anterior se especializaram em lançar pacotes, produzir “notícias”, segundo ele. “Tivemos o PAC 1, o PAC 2, e agora este programa. Quanto tempo mais estas obras vão demorar para andar?”, questiona. “Se é que isso realmente vai acontecer”, finaliza.

Fonte: Sou Agro

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