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INFRAESTRUTURA: Gargalos põem expansão em xeque

O Brasil poderá ter problemas para sustentar crescimento anual acima de 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) se não investir para solucionar gargalos na área de infraestrutura e reduzir a carga tributária


Publicado em: 05/06/2012 às 11:50hs

INFRAESTRUTURA: Gargalos põem expansão em xeque

Atualmente as deficiências nessa área só não causam mais transtornos porque a economia tem tido um fraco desempenho nos últimos anos. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), atualmente 0,7% do PIB é investido no setor de infraestrutura. Há dez anos esse porcentual era de 0,2%, mas é necessário que chegue a 3,4% para fazer frente à demanda.
 
Dificuldades - Crescer acima de 5% significaria, como ocorreu no passado, dificuldades com falta de mão de obra, de estradas em bom estado e de caminhões para transportar a produção, por exemplo. Os elevados custos com logística comprometem a competitividade da indústria e da agricultura. Exportar uma tonelada de soja do Brasil para a China pode custar o triplo do que fazer o mesmo do estado do Iowa, nos Estados Unidos. Exportar um eletrodoméstico por Paranaguá, por exemplo, custa hoje o mesmo que o de uma mercadoria partindo da China para o mercado norte-americano, mesmo sendo a distância muito maior.
 
Frete - Segundo a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), o frete para levar a soja do Mato Grosso para o Porto de Paranaguá custa US$ 80 por tonelada. Para levar dos Meio-Oeste norte-americano até o Golfo do México o valor é, em média, de US$ 25 por tonelada. Com uma matriz de transporte ainda bastante concentrada no modal rodoviário, muitas vezes em péssimas condições e carente de investimentos, o produto brasileiro fica mais caro e com menos condições de competir.
 
Demora
- Segundo Nelson Costa, superintendente-adjunto da Ocepar, o país avançou nos últimos anos ao delinear projetos de infraestrutura, principalmente no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O problema é que esses projetos demoram para sair do papel. “Construir um porto na China leva dois anos. Aqui no Brasil, só a licença ambiental leva esse tempo”, diz.
 
Impostos - A carga tributária é outro fator que inibe o crescimento. O brasileiro gasta em média 41% da sua renda bruta para pagar impostos e contribuições. Entre 2000 e 2010 (último dado disponível), o peso dos impostos sobre a soma das riquezas do país, medida pelo PIB, passou de 30,03% para 35,04%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Nesse período, o sistema tributário tragou cerca de R$ 1,85 trilhão da economia brasileira.
 
Contradição
- “O Brasil tem uma carga tributária de país desenvolvido, mas serviços públicos de países em desenvolvimento ou até mesmo subdesenvolvidos”, afirma Leticia Mary Fernandes do Amaral, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Segundo ela, a carga tributária prejudica atração de investimentos, deixa menos competitivas as empresas e eleva preços dos produtos para o consumidor final.
 
Tentativas frustradas - “A questão é que não há sinais de mudança no médio prazo desse quadro. As tentativas de mudança foram frustradas, até porque o apetite pela arrecadação é voraz, já que o governo precisa fazer frente aos seus gastos”, lembra Leticia. O fato de a carga tributária estar concentrada no consumo ajuda a tornar o sistema mais injusto: “O ideal seria taxar renda e patrimônio em vez de consumo”, diz.

Fonte: Gazeta do Povo

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