Publicado em: 27/02/2012 às 17:40hs
“O entorno e melhores políticas públicas para a agricultura na América Latina e o Caribe permitem ser otimistas, pois impulsionam as atividades agroalimentares com base na disponibilidade de água e de terras para cultivos, assim como no maior acesso à biodiversidade e aos recursos genéticos”. Desta maneira, Víctor M. Villalobos, Diretor Geral do IICA, explicou qual é o panorama ao que se enfrenta a agricultura regional; fez sua intervenção no Outlook 2012, um encontro anual organizado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) no qual que se apresentam as perspectivas da agricultura mundial para os próximos anos.
“Mas América Latina e o Caribe tem diante de si o grande objetivo de aumentar a produtividade para garantir a segurança alimentar de uma população em crescimento, em um contexto de mudança climática, racionalidade no uso dos recursos naturais e incerteza de mercados”, disse o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Villalobos foi convidado pelo Secretário de Agricultura dos EUA, Tom Vilsack, para participar do fórum, ocasião que aproveitou para transmitir as congratulações do IICA ao USDA por seu 150º aniversário. Na reunião participaram nove ex-secretários de agricultura estadunidenses.
“O IICA considera que a agricultura da América Latina e do Caribe são fundamentais para o mundo, pois têm a grande responsabilidade de prover alimentos e matérias primas agrícolas, mas necessita inovar em campos como o manejo pós-colheita, os sistemas de irrigação, a agricultura protegida e o uso das biotecnologias”, assegurou o Diretor Geral do IICA.
Destacou a posição privilegiada do Instituto nas Américas para apoiar aos países na definição de marcos regulatórios, busca de investimentos e alianças de grande prazo, melhoramento das capacidades institucionais e incorporação do desenvolvimento rural territorial nas políticas nacionais sobre agricultura.
De acordo com Villalobos, os altos preços dos alimentos dos últimos anos estimulou o crescimento agrícola (em termos de produção e renda) em vários países latinoamericanos e caribenhos, mas sobretudo no Cone Sul, cuja participação no comércio mundial teve um aumento.
No entanto, se evidenciou um desequilíbrio: enquanto o valor agregado da agricultura à economia dos países foi de 4,5% no Cone Sul, no resto das nações foi de 2,5%. Em outras palavras, na região coexistem exportadores de alimentos, particularmente de cereais, oleaginosas, lácteos e carne; e importadores (Caribe, Centroamérica e os países andinos) que devem lidar com os preços altos.
O Diretor Geral do IICA também chamou a atenção sobre outros desafios que se deve enfrentar, entre os quais, doenças que comprometam a sanidade agropecuária (como a febre aftosa), um possível incremento nos preços dos energéticos, pressões sobre a propriedade da terra e o baixo investimento na pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Oportunidades de crescimento - A inovação na agricultura se torna fundamental para aproveitar as vantagens competitivas da biodiversidade da América Latina e o Caribe, sinalizou Villalobos no fórum sobre perspectivas agrícolas organizado pelo USDA.
Por exemplo, a região possui quase 24% dos bosques no mundo, pelo qual seu uso sustentável permitiria aumentar o aporte do setor florestal à economia e atrair investimentos públicos e privados para o reflorestamento.
A aquicultura, por outro lado, pode tirar vantagem da grande variedade de recursos pesqueiros, em particular na América do Sul, líder regional neste tipo de atividade.
A pecuária de pequena escala, combinada com transformações na cadeia de valor e políticas claras de gestão sustentável dos recursos naturais, também se vislumbra como uma atividade que permitiria aproveitar o auge na produção e no consumo de carne e lácteos.
“O impacto da crise econômica dos anos 2008 e 2009 na pobreza e renda rurais da América Latina e o Caribe foi muito menor do que se esperava, pois os lugares combinaram a agricultura com outros trabalhos econômicos que os ajudaram a enfrentar os tempos difíceis”, indicou o Diretor Geral do IICA.
A ação foi reforçada por políticas internas nos países para reduzir a vulnerabilidade de produtores e consumidores, assim como outras medidas de caráter social que contribuíram para combater a pobreza, assegurou.
Fonte: IICA
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