Publicado em: 15/10/2012 às 13:10hs
Entretanto, pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, demonstra que se não houvesse restrições no investimento em capital físico (máquinas e implementos) no período, o crescimento acumulado no período poderia ter sido 27% maior.
A conclusão faz parte da tese de doutorado do economista Cassiano Bragagnolo, orientada pelo professor Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, da Esalq.
O estudo verificou os fatores que influenciaram o crescimento do produto agrícola nas últimas quatro décadas. “Foram analisadas, entre outros, a evolução da produtividade, da área plantada e do capital físico”, diz Bragagnolo. “O capital físico inclui recursos produtivos, como máquinas, implementos e benfeitorias, sem considerar a terra nem insumos como sementes e adubos.”
Ao analisar a situação de cada Estado brasileiro, a pesquisa verificou que o principal fator que levou ao aumento de produtividade foi o progresso tecnológico. “Entre 1975 e 2005, a média anual de crescimento da tecnologia agrícola foi de 4,3% ao ano, superior ao próprio produto agrícola, que cresceu 3,7% na média anual”, ressalta o economista.
“Nos Estados com maior tradição na agricultura, como os que compõem as regiões Sul e Sudeste, o crescimento foi menor, pois já existia uma base tecnológica”, conta Bragagnolo. “Nas regiões de fronteira agrícola, nos Estados do Norte e Centro-Oeste, houve um aumento maior do progresso técnico, que tornou possível tanto a expansão da área cultivada quanto da produtividade.”
Histórico
Ao verificar a evolução histórica da produção agrícola, o estudo aponta que na década de 70 do século passado, o investimento em capital físico era alto. “Isto propiciou um aumento da área plantada devido a possibilidade de incorporação de novas terras à agricultura, o que permitiu elevado crescimento do produto, apesar de um crescimento da produtividade moderado”, afirma o economista.
De meados da década de 80 até o final dos anos 90, a produtividade cresceu, garantindo o aumento quantitativo da produção, mas ao mesmo tempo houve uma estagnação do capital físico e da área cultivada. “Nesse período começam a surgir preocupações ambientais que levaram a redução da expansão da fronteira agrícola no Norte e no Centro-Oeste, que aliados ao baixo investimento limitaram o potencial de crescimento do setor”, observa Bragagnolo.
A partir do ano 2000, a produtividade e a área cultivada se mantém estáveis. “No entanto, o capital físico volta a ser determinante, com o aumento dos investimentos na agricultura, que asseguram a elevação da produção”, ressalta o economista. “Nas últimas quatro décadas, apesar de problemas momentâneos, como quebras de safra, a tendência sempre foi de aumento do produto interno agrícola.”
Diante das limitações de capital físico apresentadas pelo setor agrícola em alguns períodos, a pesquisa calculou qual seria o crescimento do produto agrícola se houvesse crédito suficiente para um investimento constante. “A simulação mostrou que o produto interno agrícola poderia ter sido 27% maior ao longo do período”, conclui Bragagnolo, que é pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq.
Fonte: Agência USP
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