Mais de 50 cooperativas no país, entre elas 15 gaúchas, pleiteiam pagamento em produtos e parcelamento em até 12 anos. O objetivo é derrubar ações judiciais contra armazenadores, que somam cerca de R$ 2 bilhões, em valores corrigidos, e recadastrar os silos, que hoje estão ociosos devido à inadimplência.

Segundo o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius, o montante devido pelas cooperativas brasileiras, estimado em R$ 150 milhões, é resultado de consecutivas secas e quebras de safra, o que obrigou muitas delas a venderem os estoques em tempos de crise. "No Rio Grande do Sul, detemos 70% da capacidade total de armazenagem, que é infraestrutura e deveria ser responsabilidade do Estado. Nós bancamos para defender os produtores", ressaltou.

A proposta foi acatada pela área financeira da Conab. No entanto, para viabilizá-la, é necessária a aprovação de uma medida provisória ou projeto de lei específico. O tema, considerado "espinhoso", foi encaminhado ao Ministério da Agricultura, que ainda não emitiu parecer. Fonte do primeiro escalão do governo disse que há divergência. Como a medida terá que valer para todos os armazenadores e envolve desvio de estoque público, a preocupação é até que ponto a medida não servirá como um estímulo para irregularidades. "Não queremos resolver problema de um lado e gerar de outro", disse a fonte, ressaltando que algumas das ações judiciais chegam a ter duas décadas.