Publicado em: 16/05/2013 às 12:20hs
Na reta final para a última votação, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), anunciou a votação simbólica e às 9h42 comemorou a aprovação e avisou que o texto iria ao Senado.
— Foi um parto. Esta página está virada. Esta noite, se houve um vencedor, foi o debate, a controvérsia, o espírito público, a valentia da oposição e a responsabilidade por parte da base do governo. O povo brasileiro, que assistiu esse debate recorde na história do parlamento, vai poder se orgulhar de seu parlamento. Parabéns ao parlamento — comemorou Alves.
O Senado tentará votar o texto da MP na manhã desta quinta-feira. A sessão está marcada para 11h. Pela manhã, um grupo de deputados chegou de banho tomado para garantir que o quórum fosse atingido, entre eles o deputado Paulo Maluf.
Os deputados de oposição comemoraram o fato de terem conseguido segurar a votação durante toda a madruga e início da manhã.
— Foi uma derrota matemática, mas muito bonita do ponto de visto político — afirmou o deputado Silvio Costa (PTB-PE), que encaminhou o tempo todo contra a votação da MP.
Às 8h17, a base governista conseguiu recuperar o quórum da sessão e festejava a possibilidade de aprovar a medida provisória ainda de manhã, como aconteceu. Mas faltando cerca de meia hora para vencer o prazo de mais uma sessão, líderes da base governista chegaram a jogar a toalha, admitindo a grande possibilidade de derrota da MP dos Portos. A mais dura batalha travada com a oposição estava prestes a ser perdida para a desarticulação política e racha na base. Tudo parecia resolvido quando, no início da madrugada, o governo conseguiu votar a última emenda ao texto base aprovado na véspera. Mas numa reviravolta, parlamentares da base debandaram do plenário e a oposição aproveitou para continuar a mais longa obstrução, na votação da redação final. O dia novamente promete ser longo, já que o prazo da MP só caduca à meia noite, mas depende ainda de uma guerra para derrubar prazos regimentais na votação do Senado.
No momento mais crítico os líderes do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), do PT, José Guimarães (CE) e, do PMDB, Eduardo Cunha (RJ) concluíram que seria inútil convocar mais sessões, se não houvesse quórum. Mesmo assim o presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), com 250 dos 257 deputados necessários em plenário, encerrou a sessão e convocou outra em seguida, dando um prazo de meia hora para os líderes da base tentarem buscar deputados em Casa.
— Convoquem seus deputados porque essa é a última chance de votar. Vou convocar mais uma sessão em nome dos interesses do País. Lamentável que em 21 horas ininterruptas não tenhamos conseguido aprovar essa MP. Temos que tirar lições dessa votação — comunicou Henrique Alves.
Guimarães, Chinaglia e outros petistas, reclamaram de Henrique por ter aceito as manobras de obstrução da oposição. Mas 13 deputados do PT estiveram ausentes nos momentos mais críticos.
— Perdemos! Vocês ganharam! — desabafou o deputado Luis Sérgio (PT-RJ), aos deputados Vanderlei Macris (PSDB-SP) e outros parlamentares da Oposição, nos minutos finais antes do encerramento da penúltima sessão.
Na dramática busca pelo quórum, ministros como Ideli Salvatti, de Relações Institucionais, e líderes governistas passaram a madrugada ligando para as casas e hotéis dos parlamentares. O deputado Bernardo Santana (PP-MG) foi acordado no hotel, foi ao plenário, marcou presença, e voltou para dormir.
— Vou dormir e desligar o celular. Se Ideli ligar, vou proibir o hotel de passar as ligações — disse Bernardo, dizendo-se no limite da exaustão.
Com os ânimos muito acirrados, outros parlamentares, muito cansados, foram ao microfone reclamar da apatia dos líderes diante da falta de quórum e desmobilização da base.
— Os deputados estão em casa dormindo, os líderes aqui um olhando para a cara do outro e a gente aqui fazendo papel de palhaço? — protestou, no microfone, o deputado Major Fábio (DEM-PB).
Quando se aproximava o fim da meia hora dada por Henrique, para avaliar a tendência do quórum, parlamentares do PT e PCdoB se revezaram no microfone para, agora, elogiar sua conduta e pedir mais tempo.
O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), ao ver que Henrique desistira de encerrar a sessão, subiu à Mesa e rasgou o regimento na sua frente. Ai Henrique anunciou que iria até o fim. O deputado tucano Nilton Leitão (MT), reagiu:
— Nós ganhamos essa sessão. Mas isso aqui é um puxadinho do Planalto. Qual é o limite? Está há dez horas e não tem quórum. Vão buscar deputado de jatinho? Pagar passagem? — atacou.
Às 8h da manhã, 21 horas depois do início da sessão, o futuro da MP ainda era absolutamente incerta. Havia 240 dos 257 deputados necessários para dar prosseguimento à votação, mas a oposição estava disposta a seguir obstruindo as votações. A sessão para votação no Senado está marcada para começar as 11 horas.
— O governo pode ganhar, mas não leva. O texto foi muito modificado e a base saiu completamente rachada _ avaliou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Fonte: Assessoria de Comunicação Aprosoja/MS
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