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Candidato do Brasil à OMC quer ação contra 'paralisia' em negociações

O Brasil decidiu lançar um nome à diretoria-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) para tentar vencer a preocupante "paralisia" nas negociações sobre novas regras comerciais, na avaliação do candidato brasileiro, embaixador Roberto Azevedo


Publicado em: 14/01/2013 às 10:40hs

Candidato do Brasil à OMC quer ação contra 'paralisia' em negociações

"O governo brasileiro vê com grande preocupação esse quadro de paralisação das negociações multilaterais", afirmou, ao defender a própria candidatura.

Apoio - Dizendo-se "muito satisfeito" com as manifestações de apoio recebidas até agora (na maioria ainda sigilosas; apenas a Argentina formalizou adesão à candidatura brasileira), Azevedo disse que o governo decidiu lançar candidato após receber apelos de outros governos. Ele antecipou em entrevista coletiva alguns dos argumentos que levará na campanha para obter o consenso dos membros da OMC em torno de seu nome. No atual estado de paralisação das negociações para abertura de comércio na OMC, a organização precisa de um dirigente com conhecimento não somente das regras internacionais de comércio, mas da história dessas negociações, capaz de apresentar propostas de consenso, segundo ele.

Conferências - Negociador brasileiro em Genebra desde 2008 e, antes disso, alto funcionário do Itamaraty nas instâncias ligadas a comércio, Azevedo participou de todas as conferências da OMC, à exceção da realizada em Cancún, México, em 2003, quando disputas comerciais do Brasil o ocuparam no departamento de contenciosos do ministério de Relações Exteriores. Ele rejeitou a avaliação de que as recentes medidas protecionistas do governo brasileiro possam ser um empecilho à sua candidatura.

Ativo - O Brasil é "um ativo, não um passivo" para um candidato à OMC, afirmou. "O Brasil é membro fundador da OMC, visto como país que articula soluções, que é propositivo, que lutou de maneira extraordinária para fazer avançar as negociações multilaterais durante a rodada Doha", argumentou, lembrando que o país está engajado nos esforços para obter algum resultado ainda da chamada rodada Doha, de liberalização comercial entre membros da OMC. Medidas capazes de desagradar parceiros comerciais são comuns entre os membros da OMC, que tem mecanismos de negociações e, em última instância, de solução de disputas, usados por todos, disse o embaixador.

 Impasse  - O próximo esforço de resolver o impasse da rodada Doha será na conferência ministerial do fim deste ano, em Bali, Indonésia, e não há, ainda, clareza sobre o "mapa do caminho" para obter resultados, relatou Azevedo. "O mapa é muito complicado e é aí é que entra o conhecimento do diretor-geral, que conhece o histórico da negociação, sabe o que uns aceitam, outros não."

 China  - À frente, nos últimos meses, do esforço brasileiro para discussão sobre os efeitos dos movimentos nas cotações de moedas internacionais sobre as condições de comércio, Azevedo insinuou ter apoio da China, país que mais se opõe a tratar do tema na OMC e disse que, na condição de diretor-geral, tudo o que lhe caberia seria facilitar o debate, que, na opinião dele, não está maduro para definir instrumentos contra a chamada "guerra cambial".

 Acordo  - "Antes [de definir qualquer medida], os membros têm de chegar a um acordo sobre qual é o papel da OMC nesse tema", disse o diplomata. "A OMC está fazendo estudos, o FMI está fazendo estudos, mas as duas organizações não se falam; isso tem de mudar", afirmou, lembrando que, já em abril, a próxima reunião da OMC sobre o tema terá um convidado especialista do FMI. Qualquer decisão sobre o assunto dependerá exclusivamente da disposição dos países membros, ressaltou Azevedo. "Não cabe ao diretor geral decidir para onde a organização vai; quem vai decidir são os membros."

Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA DA OCEPAR/SESCOOP-PR

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