Publicado em: 13/09/2013 às 15:30hs
A afirmação é do diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), o brasileiro Robério Silva, que participa nesta semana da Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte, comemorativa ao cinquentenário da instituição. Em entrevista hoje à tarde ao Broadcast, Silva afirmou que a situação é gravíssima em algumas regiões, principalmente as montanhosas, onde o custo de produção é maior, por causa da colheita manual do café.
Silva disse que a OIC tem um mecanismo de “consertação”, que proporciona o diálogo entre países produtores e consumidores, visando a saber em quais níveis é possível atuar para evitar a volatilidade do mercado. Ele citou como exemplo o intercâmbio com países africanos para levar a experiência brasileira de organização do setor, como as associações e cooperativas, para criar mecanismos de financiamento que possam contribuir para o ordenamento da oferta e menor pressão sobre os preços.
“Os países estão interessados em conhecer os instrumentos da política agrícola brasileira, para melhorar ordenamento do fluxo de safra”, diz ele.
Em relação às divergências sobre as estatísticas relativas ao mercado cafeeiro, Silva afirmou que foi criado dentro da OIC um grupo composto pelos técnicos da instituição e principais analistas de mercado cafeeiro “para discutir as discrepâncias de números nos principais países”. Ele disse que as discussões estão avançando a passos largos. A primeira reunião foi realizada em agosto e a próxima está prevista para 30 de janeiro, a fim eliminar as discrepâncias que dão margens às especulações no mercado sobre o quadro de oferta e demanda mundial de café.
O diretor da OIC citou como outra iniciativa importante o desafio feito pelas quatro maiores empresas torrefadoras do mundo (a suíça Nestlé, a norte-americana Kraft Foods, a alemã Tchibo e a holandesa Master Blenders) de ampliar a participação do mercado de cafés com certificados de sustentabilidade, dos atuais 8% para 25% em 2015. Silva disse que existe uma preocupação da OIC em relação a esta questão, tanto que já discutiu o assunto em seminário com as principais certificadoras e torrefadoras, “para que os produtores não sejam os únicos a pagar pelo custo da certificação”. Ele defende que o prêmio obtido na venda do grão seja equivalente aos investimentos, lembrando que as melhoras feitas na condução das lavouras para conseguir a certificação geram ganhos de produtividade e da qualidade do café.
Na entrevista, Robério Silva destacou a preocupação da OIC com a disseminação da ferrugem que põe em risco a cafeicultura na América Central. Ele lembra que em abril deste ano visitou lavouras na Costa Rica, Guatemala, Honduras e El Salvador, quando constatou in loco os sérios prejuízos provocados pela doença. As estimativas da OIC indicam que as perdas na região na safra 2012/13 devem atingir 2,7 milhões de sacas, que representam uma queda de 17,1% em relação à anterior. A América Central (excluindo o México) produziu na safra passada 15,8 milhões de sacas de café, respondendo por cerca de 12% da produção mundial. Ele afirmou que a OIC tem dado apoio institucional aos países, na busca de recursos de instituições multilaterais para financiar as ações de controle da doença.
Fonte: Agência Estado
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