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Brics tentam conciliar diferenças na atuação global

Os chefes de governo do grupo conhecido como Brics - Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul - reúnem-se nesta quarta-feira (28/03) na capital indiana, decididos a cobrar maior influência nos mecanismos multilaterais, mas ainda sem consenso sobre temas essenciais como a eleição do novo presidente para o Banco Mundial (Bird), que deve ocorrer em junho


Publicado em: 28/03/2012 às 11:40hs

Brics tentam conciliar diferenças na atuação global

O esboço da declaração, em discussão pelos diplomatas dos quatro países, não prevê apoio conjunto a algum candidato à sucessão no Bird, com a saída, no fim do semestre, de seu presidente Robert Zoellick.
 
Dilma - A presidente Dilma Rousseff foi a primeira chefe de governo estrangeira a chegar a Nova Déli, nesta terça-feira (27/03), após uma escala em Granada, na Espanha. Ela também fará uma visita de Estado à Índia, onde assinará acordos bilaterais de cooperação com o governo indiano em biotecnologia e tecnologia, e anunciará instituições indianas dispostas a receber estudantes brasileiros no programa Ciência sem Fronteiras. A Universidade de Nova Déli e o Instituto de Tecnologia da Informação, em Bangalore.
 
Banco de desenvolvimento - Eleita como prioridade pelos anfitriões, a criação de um banco de desenvolvimento dos Brics - capaz de atuar em financiamentos sem as coindicionaldiades aplicadas nos empréstimos do Banco Mundial e outras instituições existentes - é vista ainda como uma "ideia embrionária" pela diplomacia brasileira. Os governantes devem criar um grupo de especialistas para definir o formato do futuro banco, para o qual os chineses já pediram a presidência. Os russos já informaram que têm maior interesse em discutir a atuação dos cinco países nas discussões para reforma e capitalização do Fundo Monetário Internacional.
 
Fonte de financiamento importante - A Índia, com grandes necessidades de financiamento de seu plano de infraestrutura e planos de ampliar de 15% para 25% a parcela da indústria na economia do país, em dez anos, vê no futuro banco dos Brics uma fonte de financiamento importante, sem as amarras impostas por outras instituições multilaterais de crédito. O Brasil, formalmente, apoia a criação do banco de desenvolvimento dos Brics, embora não interesse ao país, atualmente, a criação de instrumentos financeiros capazes de dar maior impulso à acusação das empresas chinesas nos países emergentes.
 
Discussão lenta - Os diplomatas brasileiros argumentam que a discussão da nova instituição será necessariamente lenta para acomodar todos os interesses de seus futuros criadores, mas é importante por significar uma maior aproximação entre os cinco países, de economias e prioridades bastante distintas. Também para permitir o avanço das iniciativas conjuntas dos Brics, mesmo sem interesse imediato em sua concretização, o BNDES deve assinar, durante a reunião do grupo, dois acordos para permitir a emissão de "letras de crédito" em moeda local nas transações entre os cinco parceiros.
 
 Abertura de possibilidades  - Embora não haja planos de emitir esses títulos, que permitirão financiamento em reais e yuans para negócios entre China e Brasil, por exemplo, o BNDES avalia que o acordo abre possibilidades que podem ser úteis no futuro. Pelo acordo "guarda-chuva" a ser assinado, ficam estabelecidas as regras para emissão dessas letras de crédito, mas detalhes como prazos, garantias e valores terão de ser definidos em acordos bilaterais, pelos países interessados.
  
Novo presidente
  - Na discussão sobre o novo presidente do Banco Mundial, não se conhece ainda a posição de Rússia, China e Índia, e é ambígua a posição do Brasil. No Bird, o Brasil comanda uma diretoria que representa também os interesses de outros países, como a República Dominicana, a pedido de quem os brasileiros lançaram como canadidato à sucessão de Zoellick o colombiano Luis Antonio Ocampo, ex-diretor-geral da Comissão Economica para América Latina e Caribe (Cepal). Mas o apoio aberto a Ocampo ficou prejudicado pela reação do governo da Colômbia, país originário do candidato e também abrigado sob a diretoria do Brasil no Bird.
 
 Não viável  - O governo colombiano declarou considerar Ocampo um candidato "não viável". Ficou como principal candidata dos emergentes a ex-ministra de Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala, apoiada pela África do Sul. Falta, porém, sondar os aliados no Brics sobre a reação ao lançamento, pelo governo dos Estados Unidos, de Jim Yong Kim, coreano de nascença, cidadão americano com atuação em saúde, especialmente no combate a Aids.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR

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