Outros

Brasil quer que Rio+20 transforme crise em oportunidade

Cenário pode desviar foco de líderes, mas exige crescimento, diz Coutinho


Publicado em: 12/06/2012 às 18:20hs

Brasil quer que Rio+20 transforme crise em oportunidade

A crise econômica internacional representa uma ameaça à ambição dos líderes mundiais na Rio+20, mas também  pode dar à Conferência uma relevância estratégica maior, avaliam autoridades brasileiras.

“É um momento muito delicado, no qual as economias desenvolvidas resistem à recessão, o que reduz a flexibilidade para contribuírem com ações para a sustentabilidade global”, avalia o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, que palestrou nesta segunda-feira (11) na Conferência Ethos, em São Paulo.

Por outro lado, a crise exige a busca por respostas que podem ser encontradas no desenvolvimento sustentável. “A crise econômica é uma oportunidade, porque se associa às crises social e ambiental e mostra que os modelos de desenvolvimento atuais não se sustentam”, diz o assessor especial do Ministério do Meio Ambiente para a Rio+20, Fernando Lyrio.

No fundo, Lyrio e Coutinho enxergam no momento de reconstrução econômica e revisão de modelos gerado pela crise uma oportunidade para incutir conceitos do desenvolvimento sustentável na retomada pós-crise. “É óbvio que se precisa de crescimento nos países desenvolvidos que estão com desemprego altíssimo, mas a questão crucial é qual será esse crescimento”, explica o presidente do BNDES.

Ele defende que o caminho para o sucesso da Rio+20 na construção de consensos concretos seja associar o desenvolvimento sustentável com a agenda da recuperação da crise. “A saída [da crise] está nos investimentos que geram eficiência na economia”, o que significa investimentos sustentáveis, afirma Coutinho.

Segundo ele, há uma negociação de um grupo de 19 bancos de desenvolvimento dos cinco continentes de chegar a um compromisso conjunto na Rio+20, estabelecendo padrões de sustentabilidade relacionados à concessão de crédito.

O poder da Rio+20 em puxar para si as respostas para a crise atual é incerto, e dependerá em grande parte dos resultados da reunião do G-20, grupo das principais potências do mundo, no México, na próxima semana. “A crise econômica exige respostas de curto prazo, mas a Rio+20 é olhar para o longo prazo”, diz Lyrio.

A própria criação do G-20 está relacionada à necessidade de respostas mais rápidas do que as geradas pelas instâncias das Organizações das Nações Unidas. Por isso o Brasil defende que o G-20 fique responsável pela definição das ações de curto prazo e que as conferências de desenvolvimento sustentável da ONU, a partir da Rio+20, pensem o longo prazo.

Mesmo assim, é preciso que essas decisões estejam alinhadas. “A Rio+20 ocorre após a reunião do G-20, e é preciso ter similaridade nas respostas”, defende Lyrio.

Fonte: Sou Agro

◄ Leia outras notícias