Publicado em: 15/04/2013 às 16:37hs
O agronegócio brasileiro mais uma vez ultrapassa todas as expectativas com a maior safra já registrada na nossa história. O que coube ao produtor está cumprido, com a colheita de 185 milhões de toneladas de grãos. Otimista, aquele que trabalhou duro para trazer esse precioso recorde para o Brasil, enfrenta agora o desafio de escoar sua produção em estradas esburacadas, fretes com custos extorsivos e um imenso congestionamento nos portos brasileiros.
Tudo parecia ir muito bem no campo. A seca americana, por exemplo, fez o produtor brasileiro acreditar no milho e também pela primeira vez ultrapassamos os EUA, com a maior safra desse grão. Os problemas logísticos começaram com altas de até 70% no frete. Pesa sobre esse aumento uma nova legislação no setor de transporte, aplicada sem um prazo para adaptações dos diversos setores produtivos. Segundo levantamento da consultoria Datagro, as novas regras tiraram cerca de 500 mil carretas das estradas e causaram impacto de até 28% no frete.
A próxima barreira foi enfrentar estradas em péssimas condições. Infelizmente, nossa aposta no passado pelo transporte rodoviário tornou-se um erro que impacta diretamente no crescimento da produção agrícola. É urgente que saiam do papel os projetos ferroviários para o escoamento da nossa produção para os vários portos da costa. O congestionamento desta safra não afeta apenas o produtor rural. Vimos cenas de enormes filas de caminhões na baixada santista. O acúmulo de carretas afetou diretamente a vida do morador de Santos, Guarujá e região, que teve sua rotina alterada, principalmente nos deslocamentos para a capital paulista.
Ultrapassada mais essa dificuldade, nos deparamos com a fila de navios em vários portos. No caso paulista, o Porto de Santos mostrou-se que não está adequado para o aumento de volume de exportação de grãos. Navios esperaram dias para conseguir embarcar a carga e, mais uma vez, esse gargalo provoca aumento de custo de nossos produtos.
O Brasil caminha para se consolidar como o principal produtor mundial de grãos. Somos referência internacional e temos capacidade de contribuir para acabar com a fome no mundo. O nosso produtor não precisa mais provar que é capaz. Precisa, sim, de respostas sérias para os revezes que vem enfrentando ano após ano. É urgente um basta ao caos logístico, assim como é imprescindível uma ampla política agrícola que seja condizente à importância do setor, com seguro rural e de renda viáveis, linhas de financiamento mais adequadas, desoneração da cadeia produtiva, um grande investimento em pesquisa e uma justa regulamentação do Código Florestal. A logística é um problema crucial para a agropecuária brasileira, mas não é o único. Nossos governantes precisam entender que melhorar a produção d e alimentos não favorece apenas o homem do campo, mas toda a sociedade.
Edivaldo Del Grande é presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP).
Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada
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