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Proposta de Cooperação entre os Maiores Produtores de Cacau Visa Aumentar a Remuneração dos Agricultores

Missão Brasil à África Ocidental destaca desafios e oportunidades para o setor cacauicultor, com foco na melhoria da remuneração dos produtores


Publicado em: 04/02/2025 às 11:35hs

Proposta de Cooperação entre os Maiores Produtores de Cacau Visa Aumentar a Remuneração dos Agricultores
Foto: Missão África Ocidental - Presidente da ApexBrasil, Jorge Viana - Divulgação ApexBrasil

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, propôs ao presidente de Gana, John Mahama, e às autoridades da Costa do Marfim a formação de um grupo composto pelos cinco maiores produtores de cacau do mundo: Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Equador e Brasil. O objetivo do grupo seria melhorar a remuneração dos produtores de cacau, uma vez que, apesar de representarem 60% da produção mundial da commodity, esses países ficam com apenas 6% da receita total do setor. A proposta foi um dos pontos centrais da missão Brasil à África Ocidental, promovida pelo Itamaraty, com apoio da ApexBrasil e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que incluiu visitas à Nigéria, Gana e Costa do Marfim, e ainda passará pelo Senegal.

Em Gana, a missão foi recebida pelo presidente Mahama, após uma reunião com o presidente do Gana Cocoa Board, Ransford Anertey Abbey. Durante o encontro, foi assinado um protocolo de intenções de cooperação entre os dois países. Viana destacou que, embora Gana e a Costa do Marfim sejam grandes produtores, a maior parte da renda gerada pelo cacau não chega aos agricultores, o que poderia ser corrigido com a união dos maiores produtores.

A embaixadora do Brasil em Gana, Mariana Madeira, afirmou que a relação entre os dois países continua a estreitar, com a expectativa de expandir o comércio e identificar novas áreas de parceria que beneficiem ambas as nações.

Brasil e Costa do Marfim: Reforçando a Cooperação no Setor Cacauicultor

Na Costa do Marfim, Viana reforçou que a intenção não é criar antagonismos com os países que industrializam o cacau, mas buscar uma melhor remuneração para os países produtores. Ele destacou que o Brasil, que já foi um grande produtor de cacau, se recupera após uma queda na produção e está com perspectivas de avançar no ranking global. "Com a tecnologia que temos desenvolvido, posso afirmar que, em algumas décadas, o Brasil estará entre os três maiores produtores de cacau do mundo", afirmou Viana, acrescentando que o país deseja colaborar com a África, compartilhando conhecimentos e melhorando a qualidade da produção.

O Brasil ocupa atualmente a sexta posição no ranking global de produção de cacau e se destaca pela sua representatividade em toda a cadeia produtiva, sendo também um grande exportador de derivados e chocolates. Mais de 90% da produção brasileira está localizada na Bahia e no Pará, com destaque para a expansão do cultivo da cacauicultura no Oeste da Bahia, onde a produção se beneficia de irrigação e tecnologias avançadas.

O Setor Privado Brasileiro Contribui para a Inovação e Expansão

O presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), Moisés Schmidt, que também participou da missão, falou sobre os avanços no cultivo no cerrado baiano, região que se destaca pela produtividade e precocidade na produção de cacau. Ele ressaltou a importância do viveiro Bio Brasil, o maior do mundo, e a meta de produzir 10 milhões de mudas de cacau até 2027. Schmidt também destacou que o Brasil está buscando soluções para exportar tecnologia e aumentar a produtividade no setor.

A missão contou com a participação de representantes de diversos setores privados, como o Instituto Arapyaú e o Centro de Inovação do Cacau. Durante as visitas técnicas a fazendas de cacau, foram discutidos temas cruciais, como os desafios climáticos, a necessidade de sistemas produtivos mais resilientes e o fortalecimento das cooperativas para melhorar o acesso a financiamento e inovação.

A Diversificação das Parcerias e a Cooperação Multissetorial

A Missão África Ocidental também envolveu mais de 40 empresas brasileiras de diversos setores, incluindo chuveiros elétricos, equipamentos médicos e implementos agrícolas. Durante o seminário Gana-Brasil, Ana Repezza, diretora de Negócios da ApexBrasil, ressaltou que o Brasil busca se reaproximar da África com uma visão de cooperação e investimento, não apenas exportação. Ela enfatizou que, além do setor agrícola, há muitas oportunidades em áreas como infraestrutura, saneamento e bens de consumo.

Dando continuidade à missão, a ApexBrasil definiu um plano de trabalho com o Centro de Promoção de Investimentos da Costa do Marfim (CEPICI), com foco em temas como processamento de alimentos, agregação de valor a produtos agrícolas, capacitação técnica, produção de medicamentos e cooperação no enfrentamento de doenças tropicais.

Fonte: Portal do Agronegócio

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