Governo

Milho: Mecanismo de comercialização deverá equalizar preços

Mecanismo de comercialização foi garantido pelo ministro à Aprosoja e deverá equalizar preços para toda a cadeia


Publicado em: 15/06/2012 às 12:40hs

Milho: Mecanismo de comercialização deverá equalizar preços

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, garantiu aos produtores de milho que a pasta divulgará nesta sexta-feira (15) o edital que traz e estabelece as regras para contratos de opção ao grão, atendendo à reivindicação do setor.

Se a publicação se confirmar, o mecanismo de proteção de preços virá com dois meses de atraso em relação ao pleito do segmento, que desde abril intensificou o movimento para impedir que durante a colheita – iniciada em Mato Grosso no final de maio – o cereal tivesse cotações pressionadas pela lei de oferta e demanda sobre uma produção gigantesca. As opções são contratos derivativos que permitem a transferência do risco de oscilação de preços do produtor ou comprador de uma commodity para outro agente do mercado, mediante o pagamento de um prêmio.

Os presidentes da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Fávaro, e da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira, estiveram reunidos na tarde dessa quinta-feira (15) com Mendes Ribeiro, em Brasília, e contou com a articulação do governador de Mato Grosso, Silval Barbosa.

A segunda safra mato-grossense de milho poderá atingir 13,5 milhões de toneladas, já que o desenvolvimento das lavouras contou com clima favorável (luz e chuvas) até à véspera da colheita. O Estado é o maior produtor nacional do milho segunda safra e nesta temporada ofertará quase 40% da produção nacional, percentual inédito. Os produtores mato-grossenses vivem um momento adverso: enquanto comemoraram a concretização de uma safra recorde do grão, se preocupam com a queda de preços que pode derrubar as cotações para patamares abaixo do custo de produção.

De acordo com dados apresentados pelo presidente da Aprosoja/MT a safra de milho tem se tornado uma preocupação dos produtores, já que a produção praticamente dobrou entre a safra passada e a atual. Em 2011 foram produzidas 6,99 milhões de toneladas de milho, enquanto neste ano o volume já atingiu 13,5 milhões, com expectativa de alcançar os 15 milhões de toneladas.

“Mato Grosso foi contemplado com um clima favorável, que levou a uma produção surpreendente. Porém, agora os produtores precisam desse auxílio para não ter prejuízos. Acreditamos que essa é uma oportunidade para o governo recompor os estoques de milho e ainda contribuir com os produtores do Estado”, afirmou Fávaro.

Como já publicado com exclusividade pelo Diário, a pressão de uma safra recordista já havia abocanhado R$ 5 por saca, um mês antes do início da colheita, ainda no começo de maio. “Nem começamos a colher e o preço caiu. Imagina quando os trabalhos se intensificarem?”, argumentava Fávaro no começo deste mês ao explicar o reenvio de um ofício ao Mapa reforçando o pedido pelos contratos de opção.

Como explica Fávaro, o preço futuro do milho que chegou a R$ 18 caiu a R$ 13,50 em algumas regiões do Estado. “Várias ações da Aprosoja/MT foram feitas desde dezembro do ano passado para alertar a União sobre as consequências da queda de preços. Para essa safra, o produtor investiu em tecnologia para o milho, adubação e sementes de primeira linha. Isso tudo elevou o custo de produção e daqui a pouco os R$ 12 médios de custo não serão mais remunerados. Além de não remunerar e trazer perdas, isso vai deixar o produtor arredio, inseguro, ele vai plantar menos no ano que vem e o Brasil estará sempre nessa gangorra de oferta que na verdade não é boa para ninguém”.

Na audiência também ficou acertado subvenção do governo para leilões de PEP de escoamento do milho de Mato Grosso para outras regiões do país.

NA PRÁTICA - O diretor da Aprosoja/MT e produtor rural em Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá), Antonio Galvan, calcula que o valor ideal para sustentar a atividade seria de R$ 15/saca, que contribuiria para assegurar o custeio da próxima safra. Na opinião de Galvan, dificilmente Mato Grosso repetirá a supersafra de milho deste ano, por causa da alta dos preços insumos. "Os gastos com sementes foram de R$ 300 por hectare nesta safra e já estão em R$ 500 para a próxima. O preço do adubo também subiu 30%", diz ele.

Fonte: Diário de Cuiabá

◄ Leia outras notícias