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Lula reafirma intenção de assinar acordo Mercosul-UE ainda este ano, apesar de oposição francesa

Presidente critica postura da França e reafirma compromisso com a Comissão Europeia para concluir o acordo


Publicado em: 28/11/2024 às 11:41hs

Lula reafirma intenção de assinar acordo Mercosul-UE ainda este ano, apesar de oposição francesa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (27) que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) poderá ser assinado ainda em 2024, mesmo diante da oposição da França. Em meio ao boicote a produtos sul-americanos promovido pelo Carrefour no país europeu e às críticas de parlamentares franceses à carne bovina brasileira, Lula declarou que os franceses "não apitam mais nada", destacando que a assinatura do tratado será feita pela Comissão Europeia.

"Eu quero que o agronegócio continue crescendo, e isso irrita deputados franceses que, hoje, atacam os produtos brasileiros. O acordo do Mercosul será feito não apenas por questões financeiras, mas porque estou há 22 anos nessa negociação e nós vamos concluir", afirmou o presidente. O tratado, que está sendo negociado desde 1999, precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países envolvidos para entrar em vigor.

Lula tem criticado repetidamente o protecionismo europeu, especialmente por parte da França, que sofre pressões de seus produtores agrícolas. "Se os franceses não quiserem o acordo, eles não têm voz. Quem tem voz é a Comissão Europeia. Ursula von der Leyen [presidente da Comissão Europeia] tem a autoridade para fazer o acordo, e eu pretendo assiná-lo ainda este ano, para tirar isso da minha pauta", acrescentou durante sua participação no Encontro Nacional da Indústria, em Brasília.

Na terça-feira (26), a Assembleia Nacional da França rejeitou a celebração do acordo Mercosul-UE, com parlamentares levantando questionamentos sobre a qualidade e rastreabilidade da carne brasileira. O deputado Vincent Trébuchet chegou a afirmar que os pratos da população francesa "não são latas de lixo".

Além disso, na semana passada, o presidente do Carrefour na França, Alexandre Bompard, afirmou que a carne produzida no Brasil não atenderia às normas francesas e anunciou que não venderia mais produtos do Mercosul no país. Essa posição gerou um movimento de boicote por parte dos produtores brasileiros, que decidiram interromper o fornecimento de carne para as lojas do Carrefour no Brasil.

No entanto, na terça-feira (26), Bompard recuou e elogiou a qualidade da carne brasileira, pedindo desculpas pelo incidente. Em nota, o Grupo Carrefour explicou que já compra da França a maior parte da carne vendida em seus mercados no país e que a decisão visava apoiar os produtores franceses.

O próximo passo para o acordo pode ocorrer durante a Cúpula do Mercosul, que será realizada nos dias 5 e 6 de dezembro em Montevidéu, no Uruguai. Lula participará do evento, onde o tratado de livre comércio entre os dois blocos poderá ser oficialmente anunciado. O acordo abrange aspectos tanto tarifários quanto regulatórios, incluindo serviços, compras públicas, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias, além de questões relacionadas à propriedade intelectual.

Comércio Exterior

Em seu discurso no Encontro Nacional da Indústria, Lula também expressou o desejo de expandir o comércio do Brasil com outros países, explorando novas parcerias com mercados "em ascensão". "Quero aproveitar o acordo estratégico com a China, que é o mais importante já feito pelo Brasil em termos de acesso a novas tecnologias, desde inteligência artificial até tecnologia espacial", destacou.

Lula reforçou a ideia de que o Brasil não deve se contentar com seu status atual. "Nós não queremos ser um país em vias de desenvolvimento. Queremos ser um país que cresce e se afirma internacionalmente", afirmou, convidando os industriais brasileiros a participarem de uma missão comercial à Índia, com o objetivo de explorar novas oportunidades e fortalecer parcerias em mercados emergentes.

Fonte: Portal do Agronegócio

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