Publicado em: 18/11/2024 às 11:05hs
Enquanto o Brasil apresenta sua agenda de transição energética na COP 29, realizada no Azerbaijão, a recente elevação do imposto de importação sobre módulos fotovoltaicos, de 9,6% para 25%, levanta questionamentos sobre a coerência do governo em relação aos compromissos climáticos internacionais. A medida, oficializada pela Resolução GECEX nº 666 de 12 de novembro de 2024, também revoga quotas previamente estabelecidas para o setor.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a decisão tomada unilateralmente, sem consulta à sociedade ou ao mercado, contradiz o discurso oficial e ameaça diversos aspectos do setor. Entre os riscos apontados estão a alta nos preços da tecnologia para consumidores, redução de investimentos, fuga de capital, aumento da inflação e fechamento de empresas, além de comprometer diretamente os compromissos ambientais do país.
A ABSOLAR alerta que, caso implementada, a elevação do imposto pode inviabilizar pelo menos 281 projetos fotovoltaicos, representando 25 gigawatts (GW) de capacidade instalada e R$ 97 bilhões em investimentos até 2026. Esses projetos têm potencial para gerar mais de 750 mil empregos e evitar a emissão de 39,1 milhões de toneladas de CO2.
De acordo com a entidade, o financiamento de usinas solares depende de padrões de qualidade e certificação que a indústria nacional ainda não consegue atender, tornando indispensável a importação dos módulos agora sobrecarregados pela nova tributação. Além disso, a capacidade produtiva nacional, limitada a 1 GW por ano, cobre menos de 5% da demanda brasileira, que em 2023 superou 17 GW.
"Essa elevação do imposto afeta diretamente os setores mais dinâmicos da cadeia solar, como distribuição, comercialização e instalação de sistemas fotovoltaicos. Dos 30 empregos gerados no setor, apenas dois estão na fabricação de equipamentos", afirma Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR.
A taxação sobre módulos fotovoltaicos no Brasil sofreu alterações significativas nos últimos anos:
Com a nova política tributária, o custo da energia solar aumenta, prejudicando empresas e consumidores e colocando em xeque o papel do Brasil como líder global em energia renovável.
Para a ABSOLAR, a medida não apenas dificulta o avanço da transição energética no país, mas também desacelera a geração de empregos e ameaça o desenvolvimento econômico.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias