Os secretários estaduais da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, e do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, acompanhados pelo diretor de Operações e Obras da Embasa, Eduardo Araújo; superintendente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) na Bahia, Jorge Bagdêve, e pelo superintendente de Irrigação (Sir) da Seagri, Marcelo Nunes, reuniram-se na manhã desta terça-feira (9) com produtores do Distrito de Irrigação de Ponto Novo, para discutir a garantia de água para o consumo humano e a manutenção de oferta de água para a irrigação, mantendo cerca de cinco mil empregos diretos e indiretos gerados pelos produtores do distrito. No início de janeiro desse ano, a oferta de água para irrigação foi reduzida de 12 para quatro horas dias, mas agora, diante do agravamento da seca e do nível crítico da Barragem de Ponto Novo, o indicativo é de que a água seja destinada ao abastecimento humano, como manda a legislação brasileira.
 
A reunião desta segunda-feira aconteceu dois dias depois que milhares de pessoas, agricultores do distrito de irrigação e moradores dos municípios vizinhos, obstruíram durante horas a estrada que vai para Juazeiro com carcaças de animais e frutas, reivindicando a anistia das dívidas agrícolas em função da falta de produção, por causa da seca; garantia da manutenção da irrigação, com ampliação da oferta de água de quatro para oito horas/dia; apoio aos pequenos produtores; aumento da capacidade da barragem de Ponto Novo; canalização da água do rio São Francisco para a região, e o compartilhamento da gestão da barragem entre o Distrito de Irrigação de Ponto Novo/Embasa e Sema/Cerb. Participaram da manifestação prefeitos dos municípios ligados ao projeto, que emprega e dá sustentabilidade a toda região.
 
Além de centenas de produtores do distrito de irrigação, também participaram da reunião o prefeito e vice-prefeito de Ponto Novo, Adelson Carneiro e Artur Paiva; o gerente do distrito, Adilson Cardoso e diversos vereadores do município.
 
As reivindicações da comunidade de Ponto Novo serão discutidas com mais profundidade nestas quinta e sexta-feira (dias 11 e 12), em Salvador, durante reuniões marcadas para acontecer na Secretaria do Meio Ambiente entre representantes do Distrito, Sema/Inema/Cerb, Seagri/Sir e Embasa. Mas o secretário Eugênio Spengler assegurou que, atendo a pedido do Distrito de Irrigação, a gestão da Barragem de Ponto Novo será compartilhada entre o Distrito, Embasa e a Cerb, devendo os detalhes serem acertadas durante estas reuniões.
 
Fusegate
 
O secretário Eugênio Spengler confirmou que a capacidade de armazenamento de água da Barragem de Ponto Novo será ampliada com a implantação do fusegate (vertedouros fusíveis), uma tecnologia francesa que eleva a altura do sangradouro da barragem, possibilitando o aumento da capacidade de reserva de água. “Já recebemos proposta de uma empresa para a implantação, mas o valor foi muito alto, acima da realidade, e estamos discutindo também questões técnicas com a empresa que construiu a barragem”, disse ele, explicando que o valor que o Estado está investindo, R$ 4 milhões, não é barato, mas vai dar sustentabilidade ao distrito de irrigação. No caso de Ponto Novo, o acréscimo de água será de 9,5 milhões de metros cúbicos, ou seja, 24% da capacidade atual da barragem.
 
“O governo do Estado tem feito muito pata amenizar os efeitos da seca, mas por mais que se faça ainda é pouco diante da dimensão do problema”, disse Eduardo Salles, listando as ações emergenciais e estruturantes que estão sendo realizadas. Ele confirmou que Ponto Novo terá um dos novos armazéns para receber o milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), previsto para chegar a partir de maio, para venda balcão aos criadores familiares ao preço de R$ 18,12 a saca, com limite de venda de seis mil quilos por criador.
 
Água do São Francisco
 
Salles e Spengler disseram que, por solicitação do governador Jaques Wagner, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) está agilizando os estudos para a construção do Canal do Eixo Sul, que está sendo chamado de Canal do Sertão Baiano, que vai levar água do Rio São Francisco para São José de Jacuípe. Trata-se de uma obra estruturante de grande porte, prioridade do governo Wagner, estimada em R$ 5 bilhões, e que vai resolver o problema definitivamente. Somente para o projeto já foram liberados R$ 29 milhões
 
O diretor de Obras e Operações da Embasa, Eduardo Araújo, confirmou que a projeto da adutora do rio São Francisco ficará pronto para licitar até o mês de julho. De acordo com ele, na primeira fase a água chegará ao município de Bonfim, e na segunda fase à região de Ponto Novo.