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Fracassa abertura para suínos na Rússia

Presidente Dilma viu frustrada sua tentativa de reabrir exportação, barrada por uso de substância para engorda


Publicado em: 17/12/2012 às 10:50hs

Fracassa abertura para suínos na Rússia

A presidente Dilma Rousseff encerrou ontem a visita oficial à Rússia sem conseguir um acordo para derrubar os embargos à exportação de carne suína para o país. Ela apelou diretamente ao presidente Vladimir Putin, mas deixou o Kremlin sem o anúncio do fim das barreiras, que era dado como certo pelo Palácio do Planalto.

O resultado frustrou o setor pecuarista e a própria presidente, que esperava selar o acordo ainda em Moscou.

A Rússia suspendeu a compra de carne suína de produção que tenha utilizado ractopamina, substância que ajuda a engordar os animais.

Brasil, México, Canadá e Estados Unidos são alguns dos países em que a maioria dos produtores ainda usa essa substância.

Num outro caso, a Rússia suspendeu a compra de carne bovina, suína e de aves de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná, por supostos problemas sanitários.

"Expressei a expectativa pelo pronto restabelecimento do comércio de carne suína do nosso país e do fim do embargo aos três Estados brasileiros", relatou a presidente, com semblante sério, após a reunião com Putin.

Mais tarde, Dilma tentou demonstrar otimismo e disse que os russos podem suspender em breve embargo ao comércio de carne dos três Estados bloqueados. A medida seria tomada após análise de documentos enviados pelo Brasil.

"Vamos tomar todas as medidas para que nos enquadremos sempre nos requisitos da Organização Mundial de Saúde, nos requisitos fitossanitários de todos os países." A Rússia é o principal mercado no mundo para a carne suína e a bovina do Brasil.

Representantes do setor acompanharam a comitiva presidencial a Moscou na expectativa de um acordo. Apesar do fracasso na negociação, Dilma arriscou uma piada e cometeu gafes em discurso ao lado de Putin antes de deixar o Kremlin. Ela citou caso folclórico de Garrincha na Copa de 1958, quando o craque recebeu instruções do técnico Vicente Feola num jogo contra a antiga URSS e perguntou se ele havia combinado com os russos. "Eu vim aqui para combinar com os russos", disse.

A presidente foi corrigida por ministros ao errar o país-sede da Copa (que foi a Suécia) e o jogo (da primeira fase, não a final). Os brasileiros riram, mas Putin permaneceu impassível.

Dilma também tentou atenuar o caso de vaca louca que levou ao embargo da venda de carne bovina do Brasil ao Japão, à China e à África do Sul. Disse que o episódio foi "muito localizado" e não deve motivar novos vetos.

"Não há epidemia. A informação técnica é que está absolutamente restrito a um episódio. É bom que a gente trate isso com muita seriedade, senão criamos uma situação que não existe", disse.

Ela afirmou que mandou investigar por que o Ministério da Agricultura levou tanto tempo para notificar o caso registrado em 2010.

O presidente da Abipecs (associação do setor de suínos), Pedro de Camargo Neto, disse que a demora em detectar e notificar o caso compromete a credibilidade do Brasil no mercado externo.

"Um país que tem a pretensão de ser o maior exportador de carne do mundo não pode levar um ano e meio para fazer um exame. Isso não pode acontecer de novo. É um problema de credibilidade."

A presidente cobrou que empresários ampliem a pauta de exportações para a Rússia. Ela reclamou do fato de açúcar e carne representarem cerca de 80% das vendas.

Fonte: Folha de São Paulo

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