Publicado em: 27/03/2025 às 11:05hs
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou que o Brasil irá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio. A declaração foi feita durante uma entrevista concedida ao final de sua visita ao Japão.
Questionado por jornalistas japoneses sobre as tarifas norte-americanas, o presidente explicou que a decisão de recorrer à OMC já estava em consideração, mas foi agora oficialmente confirmada. As tarifas, que afetam diretamente os produtores brasileiros, foram impostas em 25% sobre o aço e alumínio a partir de 12 de março. Além disso, há a expectativa de que outras medidas possam ser anunciadas em breve.
"Temos duas opções a seguir: uma é recorrer à OMC, o que já decidimos fazer, e a outra é aplicar taxas recíprocas sobre os produtos norte-americanos que importamos. Precisamos praticar a lei da reciprocidade", afirmou Lula. "Não podemos ficar passivos, como se só eles tivessem o direito de aplicar tarifas."
A ideia de um recurso à OMC havia sido mencionada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera as negociações sobre o aço com os EUA, mas até então não havia uma confirmação oficial. A apelação à OMC pode resultar em duas alternativas: a revisão das medidas por parte dos EUA ou, caso as mantenham, a autorização para que o Brasil adote medidas retaliatórias, o que já está sendo considerado.
Por ora, o Brasil busca manter as negociações com os Estados Unidos na tentativa de restabelecer as cotas de exportação que vigoravam até este ano. Contudo, a falta de avanços nas conversas tem gerado apreensão, principalmente com a possibilidade de novas tarifas serem anunciadas. Há receio de que, no próximo anúncio de tarifas previsto para o dia 2 de abril, outros produtos brasileiros possam ser incluídos na lista de restrições, ou até mesmo que todas as exportações do país sejam alvo de taxas adicionais, conforme sugerido por autoridades norte-americanas.
Em sua entrevista, Lula criticou as políticas protecionistas dos Estados Unidos, apontando os impactos negativos sobre o comércio global e os riscos de inflação nos mercados norte-americanos. "O presidente Trump, como chefe dos Estados Unidos, tem o direito de tomar suas decisões. Mas ele precisa entender as consequências dessas escolhas. Acredito que essa decisão será prejudicial para os EUA, pois aumentará os preços e poderá gerar uma inflação da qual ele ainda não se deu conta", disse o presidente brasileiro.
Durante sua estadia no Japão, Lula concentrou esforços na expansão dos mercados para o Brasil, com discussões sobre a reabertura das negociações de um acordo comercial entre o país e o Mercosul. Além disso, enfatizou a defesa do multilateralismo e do livre comércio, questões que serão centrais na próxima reunião do BRICS, prevista para julho. Em sua fala, Lula reiterou a visão crítica sobre o protecionismo global: "Essa taxação é prejudicial, pois em vez de facilitar o comércio mundial, estamos tornando-o mais difícil. O protecionismo não ajuda ninguém. Vamos observar as consequências dessa política", concluiu.
Fonte: Portal do Agronegócio
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