Publicado em: 23/04/2025 às 19:00hs
Expectativas positivas para abertura de mercado
O Ministério da Agricultura está otimista quanto à possibilidade de consolidação de novos acessos ao mercado chinês para produtos brasileiros, em especial pescados e o DDG (grãos secos de destilaria com solúveis), subproduto do etanol de milho. A informação foi divulgada nesta terça-feira (22/4) pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais da Pasta, Luis Rua.
Segundo ele, os temas serão discutidos durante encontro com a vice-ministra da Administração Geral da Alfândega da China (GACC), Lyu Weihong, em Brasília.
De acordo com Rua, os dois produtos estão entre os mais de 50 tópicos que compõem a agenda bilateral Brasil-China. “É difícil afirmar que haverá avanço imediato, mas temos expectativas bastante positivas, ainda que a curto prazo”, disse o secretário.
A possível habilitação de novos frigoríficos brasileiros para exportação de carne à China também está entre os temas do encontro. Rua destacou, no entanto, que esse tipo de solicitação é recorrente em reuniões com autoridades chinesas.
Ele comentou ainda sobre a recente reprovação de 28 frigoríficos pelo governo chinês, considerando o procedimento como “normal e corriqueiro”. A intenção do governo brasileiro é compreender os critérios técnicos exigidos pela China e discutir planos de ação para eventuais não conformidades.
Com a imposição de tarifas adicionais por parte dos Estados Unidos à China, o Brasil pode ampliar suas exportações de soja, carne de frango e carne suína para o mercado chinês. Para Rua, o Brasil se posiciona como um parceiro “seguro, estável e confiável” em um contexto global de instabilidade geopolítica e comercial.
A confirmação de uma safra recorde de soja em 2025 garante ao Brasil disponibilidade para atender à demanda chinesa, caso haja interesse por parte do país asiático. O mesmo vale para carnes de frango e suína. Atualmente, os EUA respondem por quase 40% da carne de aves consumida pela China e 16% das importações chinesas de carne suína — participação semelhante à do Brasil.
“Vejo maior possibilidade no caso da carne de frango, dadas as condições atuais, e também da carne suína. Se a China desejar, o Brasil pode apoiar”, afirmou Rua.
No caso da carne bovina, o Brasil já detém cerca de 50% do mercado chinês, enquanto os EUA representam apenas 8%. A não renovação recente da habilitação de quase 400 frigoríficos norte-americanos, somada às novas tarifas impostas, pode abrir espaço adicional para os produtos brasileiros.
“Com as tarifas, torna-se inviável a venda dos EUA à China. O Brasil tem condição de ocupar parte desse espaço, caso seja necessário”, disse Rua, reforçando que o país está pronto para colaborar conforme a demanda chinesa.
Sem comentar diretamente as declarações chinesas sobre possíveis retaliações a países que priorizarem acordos com os EUA, Rua afirmou que o Brasil manterá sua linha de atuação baseada na neutralidade e na diplomacia. “Nos cabe o papel de promover a geopolítica da paz”, disse o secretário, referindo-se à posição brasileira em disputas entre grandes potências.
Rua destacou que a relação com a China atingiu um nível inédito de maturidade e transparência. As negociações para implementação da certificação eletrônica nas exportações brasileiras estão avançadas. Em maio, o ministro Carlos Fávaro e representantes de sete setores exportadores estarão na China, acompanhando a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Empresários brasileiros também participarão da feira Sial e de eventos no interior do país.
Apesar das tarifas adicionais de 10% impostas pelos EUA desde 2 de abril a diversos produtos brasileiros, o Ministério da Agricultura ainda considera precoce avaliar os impactos dessas medidas. Segundo Rua, não houve até o momento manifestações de preocupação por parte dos setores exportadores.
Produtos como carne bovina, suco de laranja, café, açúcar e itens florestais compõem a pauta de exportação brasileira aos Estados Unidos. No caso da carne bovina, a tarifa total pode chegar a 39%. “Ainda não temos dados consolidados de abril para mensurar efeitos reais. Vamos acompanhar com atenção”, finalizou Rua.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias