Publicado em: 12/03/2025 às 11:30hs
O recente discurso do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu preocupações sobre o futuro do comércio exterior brasileiro. Com um tom cada vez mais protecionista, Trump reafirmou a intenção de revisar acordos comerciais e impor tarifas mais elevadas a países que, em sua visão, não oferecem condições justas ao mercado americano. Diante desse cenário, especialistas defendem que o Brasil adote uma postura estratégica para minimizar possíveis impactos nas exportações e preservar suas relações comerciais com os Estados Unidos, um de seus principais parceiros econômicos.
Caso as políticas tarifárias dos Estados Unidos sejam endurecidas, setores como agronegócio e siderurgia podem ser os mais afetados, uma vez que dependem significativamente do mercado norte-americano. Dados do Banco Mundial indicam que a tarifa média ponderada aplicada pelo Brasil é de 7,26%, enquanto produtos que entram nos EUA enfrentam uma taxa média de apenas 1,54%. Esse descompasso tarifário pode colocar o Brasil em desvantagem caso Washington adote uma política de reciprocidade, elevando as taxas de importação sobre mercadorias brasileiras.
Para Thiago Oliveira, CEO da Saygo, empresa especializada em comércio exterior, além dos riscos econômicos, o momento exige uma articulação diplomática cuidadosa. “O governo brasileiro já está em tratativas para evitar que novas tarifas prejudiquem o fluxo comercial bilateral, considerando revisões em acordos e incentivos fiscais para setores mais vulneráveis. O cenário demanda um monitoramento constante das oportunidades de exportação e uma estratégia sólida de internacionalização”, avalia Oliveira.
Diante da instabilidade global, especialistas recomendam que o Brasil busque diversificar seus mercados de exportação. Países da Ásia e da Europa despontam como alternativas viáveis, principalmente para produtos do agronegócio e da siderurgia. “Essa diversificação reduz a dependência do mercado norte-americano e abre novas oportunidades para o Brasil consolidar sua presença no comércio global”, destaca Oliveira.
Outro ponto defendido pelos analistas é a necessidade de revisar políticas comerciais internas, garantindo incentivos para exportadores e fortalecendo parcerias com nações que oferecem condições tarifárias mais vantajosas. “A redução da burocracia e a ampliação de acordos comerciais podem ser diferenciais importantes para manter a competitividade brasileira no mercado externo”, acrescenta o CEO da Saygo.
Além das iniciativas governamentais, as empresas brasileiras precisam se adaptar rapidamente ao novo cenário global. A revisão de contratos internacionais, a busca por novos parceiros comerciais e o fortalecimento das cadeias logísticas para redução de custos operacionais são algumas das estratégias recomendadas. “A resiliência do setor exportador será testada pela capacidade de identificar nichos de mercado menos impactados pelo protecionismo americano e de adotar medidas preventivas para mitigar riscos”, analisa Oliveira.
Mesmo diante dos desafios impostos por mudanças na política comercial dos EUA, especialistas acreditam que o Brasil pode adotar uma abordagem propositiva e inteligente. “O equilíbrio entre uma diplomacia comercial eficiente e ações de apoio ao setor privado pode ser a chave para superar incertezas e garantir a estabilidade das exportações brasileiras”, conclui Oliveira.
Fonte: Portal do Agronegócio
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