Foram mais de 20 anos sem terra própria, embora na terra fossem alicerçados o sustento e a dignidade do casal, que tem quatro filhos. Meeiros, diaristas, operador de máquinas e zelador de sítio foram alguns dos trabalhos durante este período.

Novas perspectivas passaram a ser vislumbradas em 2005, quando o casal se inscreveu no Programa Nacional de Crédito Fundiário. Com o projeto aprovado em fevereiro de 2006, os proponentes adquiriram uma propriedade de 12 hectares, com casa, galpão, estábulo, pocilga, energia elétrica e água potável encanada. A linha Taquarussú, em Cerro Largo, era seu endereço. “O valor liberado pelo PNCF foi de R$ 40 mil. Ainda em 2006 acessaram o PRONAF A, com projeto elaborado pela Emater, no valor de R$ 9.860,00 destinados para correção do solo, formação de pastagens, matrizes bovinas e implantação de um parreiral de uvas. Todos os pagamentos estão em dia”, comenta o extensionista rural da Emater/RS-Ascar de Cerro Largo, Breno Ely.

Na propriedade - que dá ao casal endereço, renda e dignidade - são produzidos leite, milho, mandioca, feijão, uva, hortaliças, carnes, ovos e plantas medicinais. “O diferencial nesta propriedade está sendo a produção e comercialização de uvas in natura a partir de um parreiral com 224 mudas”, afirma Ely.

Mas o casal continua a sonhar e a buscar. O próximo passo deve ser a criação de frangos caipiras. Um aviário está sendo preparado para receber o primeiro lote de 300 pintos no início de fevereiro de 2013.

Crédito fundiário – como funciona

Atualmente, o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) oferece condições para que os trabalhadores rurais sem terra, ou com pouca terra, possam adquirir, por meio de financiamento, um imóvel no meio rural. Além da terra, o PNCF permite investimentos com recursos do PRONAF A para aquisição de máquinas, equipamentos e assistência técnica, enfim, recursos para que possa se estruturar no meio rural.

O financiamento pode tanto ser individual quanto coletivo. Entretanto, o beneficiário deve ter, no mínimo, cinco anos de experiência rural nos últimos 15 anos.

O primeiro passo dos agricultores interessados é a escolha da terra e a negociação do preço, bem como a elaboração da proposta de financiamento. Para isto, no Rio Grande do Sul, poderão contar com projeto elaborado gratuitamente pela Emater/RS-Ascar ou pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (FETAG).

As condições de financiamento variam de acordo com o valor contratado. Se o valor for de até R$ 30 mil, o prazo de pagamento é de, no máximo, 17 anos. Para financiamento acima de R$ 30 mil, este prazo se amplia até 20 anos. O limite de financiamento é de R$ 80 mil, e a carência, nos dois casos, é de até 36 meses.

Nos 45 municípios de abrangência da Emater/RS-Ascar, na região administrativa de Santa Rosa, segundo o assistente técnico regional em Crédito, Gilberto Jaenisch, foram elaboradas 65 novas propostas de crédito fundiário em 2012.