Crédito Rural

As Mudanças Climáticas e Seu Impacto no Crédito Agropecuário

Análise Histórica Revela Quebras de Safra Anormais e Aumenta o Risco de Inadimplência no Setor


Publicado em: 11/11/2024 às 09:30hs

As Mudanças Climáticas e Seu Impacto no Crédito Agropecuário

Diante do aumento das ocorrências de Recuperação Judicial entre os produtores de grãos, torna-se crucial discutir o impacto das mudanças climáticas no risco de crédito no agronegócio. Segundo Thiago Gil, Managing Director da Cordiant Capital, a volatilidade na produtividade agrícola, exacerbada por essas mudanças, pode resultar em quebras de safra mais frequentes e severas, afetando diretamente o financiamento do setor.

Nos últimos 25 anos, a produtividade do milho brasileiro apresentou um crescimento linear médio de aproximadamente 0,12 tonelada por hectare ao ano, resultado de avanços (bio)tecnológicos e melhorias nas práticas de cultivo. No entanto, a série histórica indica a ocorrência de duas quebras de safra "anormais", definidas como quedas superiores a 1,5 desvio-padrão, com uma magnitude média de 17%. A probabilidade de 8% dessas quebras ocorreu nos últimos cinco anos, sugerindo os possíveis efeitos das mudanças climáticas.

Gil utiliza uma simulação de Monte Carlo, abrangendo 1.000 cenários, para projetar a produtividade como uma linha de crescimento sujeita a variações normais e quebras extraordinárias. Nesse modelo, os preços do milho e os custos dos insumos são ajustados conforme as tendências e a volatilidade do mercado, considerando um preço inicial de R$ 1.000 por tonelada e uma dívida teórica de R$ 5.000 por hectare.

No cenário base, onde a frequência de quebras extraordinárias é de 8% e a intensidade de 17%, a probabilidade de inadimplência (default) é de 26%. Contudo, ao elevar a frequência de quebras para 33% (uma a cada três anos) e aumentar a intensidade para 25%, o risco de inadimplência salta para 34%. Esses dados evidenciam como a distribuição do Valor Presente Líquido (VPL) dos fluxos de caixa se desloca, resultando em um aumento no risco de cauda, ou seja, na possibilidade de resultados negativos extremos.

Fonte: Portal do Agronegócio

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