Assuntos Jurídicos

Como Manter a Fazenda na Família Mesmo com o Desinteresse das Novas Gerações

Especialista oferece estratégias para garantir a continuidade dos negócios rurais, apesar da diminuição do interesse dos jovens pelo campo


Publicado em: 13/08/2024 às 13:30hs

Como Manter a Fazenda na Família Mesmo com o Desinteresse das Novas Gerações

O desinteresse das novas gerações em assumir a gestão das propriedades rurais tem se tornado uma preocupação crescente. Um estudo de 2021 da Fundação Dom Cabral revela que apenas 16% dos empreendimentos rurais no Brasil são geridos pela terceira geração, e somente 1% pela quarta. Adicionalmente, dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) mostram uma queda de 13% na participação de trabalhadores com até 29 anos no agronegócio ao longo de 12 anos.

O advogado Fabrício Cândido Gomes de Souza, especialista em direito empresarial, agrário e imobiliário, observa um aumento no número de empresários do agronegócio que buscam orientação devido ao desinteresse de filhos e netos em assumir a fazenda familiar. “É comum que nossos clientes relatem a falta de interesse dos sucessores, especialmente aqueles que foram para os centros urbanos e se envolveram com outras profissões”, explica Souza, CEO do escritório Celso Cândido de Souza Advogados.

Para enfrentar esse desafio, Souza recomenda a adaptação da propriedade para modalidades de negócios que não exigem a gestão direta dos herdeiros, como arrendamento ou aluguel de pasto. “Essas alternativas podem facilitar a manutenção da propriedade pela família”, sugere.

Outra solução indicada por Souza é a criação de uma holding familiar, que pode administrar a propriedade. “Nesse modelo, os herdeiros se tornam sócios, e a gestão pode ser realizada por um deles ou por um gestor profissional contratado. Esse arranjo permite também estabelecer condições para a venda da propriedade e protegê-la em caso de matrimônios dos herdeiros”, detalha o advogado.

Souza enfatiza que a venda da propriedade rural deve ser considerada apenas como última alternativa, pois isso pode levar à depreciação do patrimônio construído ao longo de gerações. “Ver o que foi construído ao longo de uma vida inteira e sustentou a família ser dilapidado é extremamente doloroso para os fundadores”, conclui.

Fonte: Portal do Agronegócio

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