Publicado em: 20/09/2013 às 18:30hs
Ele está reescrevendo sua história de forma positiva, depois de ter amargado o fracasso com a produção de fumo na região. A saída foi encontrada com o Programa Alagoas Mais Leite, projeto da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri).
O projeto é responsável por manter o Programa do Leite, que distribui 83 mil litros de leite/dia a famílias em risco de vulnerabilidade social nos 102 municípios alagoanos.
Com investimentos de R$ 8 milhões em equipamentos e assistência técnica, o Programa do Leite tem 11 anos e atende a uma cadeia que envolve a Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), responsável pela execução do programa, voltado para a agricultura familiar.
Os investimentos no Programa do Leite (Alagoas Mais Leite) já feitos pelo Governo para qualificar os pequenos produtores e fornecedores de leite com foco na agricultura familiar incluem a compra de tanques de resfriamento de leite, 28 mil doses de sêmen de três raças (holandês, gir e girolando), compra de mil kits de ordenhadeira higiênica em abrigos para tanques de resfriamento de leite e assistência técnica através da metodologia do programa Balde Cheio.
“O Balde Cheio é considerado a melhor forma de assistência técnica que se conhece no País desenvolvida pela Embrapa Sudeste”, explica o superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Seagri, Hibernon Cavalcante.
Agricultor ganha prêmio nacional
No Balde Cheio, foram capacitados 600 produtores alagoanos e aí começou a brilhar a estrela de Marcelo Albuquerque. No programa de capacitação, que teve o suporte do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), ele se destacou tanto que participou de um concurso nacional voltado a pequenos empreendedores. “Posso dizer que a tecnologia salvou minha vida”, agradece o agricultor, agora associado à Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA).
Motivos para comemorar ele tem de sobra. Além de ter multiplicado sua renda desde que aderiu à metodologia, sua propriedade venceu a etapa estadual do Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas – MPE Brasil, na categoria Agronegócios, no ciclo 2012 do Sebrae.
A Fazenda Albuquerque, no município de Craíbas, pertencente a Marcelo, mede seis hectares. Depois de ter saído como vencedora em Alagoas, a propriedade rural também chegou ao 2º lugar da premiação nacional.
Ao aderir à metodologia do Balde Cheio, o produtor viu a sua renda dar um salto. “Dessa premiação participaram cerca de 800 pequenos agricultores no Brasil todo. Foi um feito desse rapaz e uma motivação para os outros agricultores de que é possível crescer”, elogia Hibernon Cavalcante. “Eu nem sabia que tinham me inscrito no Prêmio Nacional”, revela Marcelo.
Com tanta coisa boa acontecendo ao mesmo tempo, o pequeno produtor já projeta um sonho. “Se Deus quiser, dentro de pouco tempo, estarei aumentando a propriedade para 13 hectares”, diz.
Marcelo iniciou o negócio com cinco vacas e com o sucesso da metodologia do Balde Cheio, expandiu o rebanho para 25 animais, dos quais consegue tirar, em média, 150 litros/dia. “Já cheguei a tirar 240 litros/dia”, conta, feliz.
E a qualidade no rebanho de Marcelo pode ser verificada com a Unidade Demonstrativa que a Seagri montou para ele desenvolver o negócio. Ela vai do esmero na alimentação do gado à tecnologia empregada, passando pela plantação de palma, sorgo, espaço adequado para o bezerreiro, uso de termômetro para medir a temperatura.
“No tempo quente, a vaca de leite produz menos e aí é que entra a mão do agricultor, que tendo essa informação, procura dar o melhor conforto para o animal, com água e alimentação de qualidade para ter o retorno que deseja. Nem pode alimentar demais nem de menos, por isso a tecnologia é fundamental”, explica Marcelo ao mostrar o pequeno escritório com as ferramentas que mudou sua vida.
Com o programa custeado pela CPLA nos primeiros três meses, o produtor conseguiu impulsionar seu lucro e melhorar sua renda, tornando-se modelo em gestão e manejo do gado. “Foi um salto. Nunca produzi tanto leite”, comemora.
Ele se tornou um exemplo para muitos produtores pelo exemplo de superação. “Na pior estiagem dos últimos 50 anos, mesmo assim, consegui arrecadar um lucro considerável, com vacas que chegavam a produzir 40 litros de leite por dia”. completa.
Parceiros do Alagoas Mais Leite comemoram sucesso
De acordo com o presidente do Sindicato dos Produtores de Leite (Sindleite),André Ramalho, o programa tem sido fundamental para a geração de empregos e renda no campo e para os pequenos produtores. “A cadeia produtiva do leite é o 2º agronegócio do Estado de Alagoas, perdendo apenas para a indústria da cana de açúcar. Com uma vantagem: não existe entressafra, a produção se dá os 12 meses do ano”, destaca Ramalho. “Porém, para a região do Semiárido alagoano, a cadeia produtiva do leite representa a primeira atividade econômica e a única nesta região”.
Ramalho explica que cerca de 80% na cadeia produtiva do leite produz abaixo de 500 litros de leite/ dia, porque a produção é basicamente voltada para a agricultura familiar, ou seja, voltada para a manutenção do próprio produtor.
“Um dos benefícios com essa atividade é o da permanência do homem no campo, evitando, dessa forma, o êxodo rural”, ressalta Ramalho.
Com o programa, todo mundo ganha, tanto o produtor, que tem compra garantida, preço definido, que não oscila, e ganham as famílias que estão na outra ponta, em situação de vulnerabilidade social, que recebem este leite para as crianças e idosos.
Atualmente, por meio do Programa do Leite, que faz parte de um convênio entre a secretaria e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), mais de 3 mil criadores vendem sua produção, que é adquirida, processada e entregue para as 83 mil famílias em todos os 102 municípios. Cada família recebe um litro de leite/dia.
Antônio Gerson, ex-presidente da Cooperativa dos Pequenos Produtores de Leite da Bacia Leiteira de Alagoas (Coopaz), que fornece leite ao Programa do Leite, compartilha do sucesso alcançado pelo programa.
Atualmente, são 219 cooperados, mas estão sendo abertas mais 300 vagas para pequenos produtores. “A cooperativa oferece os seguintes benefícios: gerencia toda a produção e faz toda a logística para o acesso do pequeno produtor para o Fome Zero. Ou seja, toda a produção é comprada pelo Fome Zero. O preço do litro de leite sai a R$ 1,54, mas o produtor paga a pasteurização do produto e uma taxa de serviço, e o preço líquido fica em R$ 1,19 como lucro para o produtor”, explica Gerson.
Outros benefícios, acrescenta Gerson, é que a cooperativa proporciona o acesso à Secretaria de Agricultura, à compra da ração, e o acesso aos créditos ofertados pelo Banco do Brasil e o Banco do Nordeste.
O presidente da CPLA, Aldemar Monteiro, ressalta o papel da Cooperativa na cadeia produtiva. “É uma cooperativa sólida e que colabora para que o Programa do Leite seja referência nacional, conforme avaliação do próprio Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Quem mais agradece isso são as 83 mil famílias que tanto precisam desse alimento para se desenvolver e matar a fome”, ressaltou.
Fonte: Agência Alagoas
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