Há exatamente um ano, na Agrobrasília, o agricultor, que tem sua propriedade no Núcleo Rural Taquara, em Planaltina (DF), financiou um trator por meio da linha de crédito do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Hoje, ele comemora a transformação da lavoura. Junto com a esposa Eliane e os dois filhos, Olivan precisou contratar mais dois ajudantes para dar conta do trabalho. Ele viu a produção de tomate, por exemplo, passar de oito mil para mais de 20 mil pés. “Tivemos um aumento de produção de mais de 50 porcento em todas as culturas”, afirma. Olivan planta pimentão, batata doce, abóbora italiana, repolho, couve-flor e, mais recentemente, milho verde. O agricultor espera colher o milho para fornecer à Cooperativa Agrícola da Região de Planaltina-DF (Cootaquara), que participa do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

A trajetória de Olivan teve lá seus percalços. O agricultor trabalhou como empregado e depois foi meeiro, mas não conseguia comprar sua própria propriedade no Cerrado. Sem nunca pensar em desistir e com uma vontade imensa de prosperar, o agricultor e sua família foram tentar a sorte em Boa Vista, estado de Roraima. Foi lá que ele implementou as estufas para otimizar o cultivo de hortifrutigranjeiros.

Depois de passar seis anos produzindo na região Norte, Olivan realizou o sonho de adquirir sua propriedade rural na região de Planaltina. Hoje, após oito anos, mais do que comemorar o resultado do trabalho incansável, o agricultor reconhece a importância dos programas Mais Alimentos, PAA e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), além das muitas vantagens de ser cooperado. “O que seria do produtor familiar sem a cooperativa e sem a ajuda do governo?”, questiona.

Há menos de sete quilômetros da propriedade de Olivan, basta trocar algumas palavras com o agricultor Antônio de Pádua da Silva Cortes, 55, para comprovar que a história de sucesso envolvendo produtor, cooperativa e os programas do MDA não é exceção. O orgulho com que exibe os tomates que restaram do final da colheita comprova o amor do agricultor pelo que faz. Seu Di, como é mais conhecido pelos moradores do Núcleo Rural Taquara, diz que tem prazer em, todos os dias, inclusive domingos e feriados, ver de perto a plantação. “Dá muita satisfação ver o fruto do nosso trabalho se transformar em alimento, mas tem que ter no sangue esse amor pela terra”, define.

O agricultor fica com os olhos marejados quando conta que seus três netos, na escola, se alimentam com os tomates e pimentões que ele planta. Através da cooperativa, via PNAE, estes e outros produtos chegam à mesa de milhares de crianças. Grande parte das 800 caixas de tomate e das 1,2 mil caixas de pimentão que o agricultor colheu nesta safra foi comprada pela cooperativa. “Eu fico da porteira pra cá e a cooperativa da porteira pra lá”, explica.

E é do lado de fora da porteira que vem o reconhecimento pelo trabalho de Seu Di e de Olivan. O superintendente da Cootaquara, Maurício Severino Resende, elogia o afinco com que os dois produtores participam das atividades da cooperativa, sempre buscando melhorar a produtividade. “O que eles têm em comum é a dedicação e o cuidado com suas plantações. Eles aprendem no dia a dia e nos ensinam muito também”, define Maurício. Cooperativa tem papel importante no desenvolvimento do Núcleo Rural.

A sede da Cootaquara está localizada no Núcleo Rural Taquara, na Região Administrativa de Planaltina-DF. A localidade hoje é reconhecida como um dos principais pólos de produção de hortaliças do Distrito Federal, e um dos mais importantes do país em produção de pimentão, pois se caracteriza pelo emprego de tecnologias de ponta, tais como irrigação localizada, cultivo protegido e pela bem sucedida organização dos produtores, através da cooperativa. Tudo isso resulta em boas condições de vida para os habitantes, oferta de emprego e perspectivas de renda, principalmente para os jovens rurais.

A Cootaquara iniciou suas atividades em janeiro de 2001, com 21 cooperados. Hoje, conta com mais de 184 cooperados, além de pelo menos outros 300 agricultores agregados, tais como parceiros e meeiros. Mais de 80 porcento são agricultores familiares. Por meio da cooperativa é comercializado em torno de 400 mil kg/mês, de cerca de 40 diferentes produtos. A unidade gera 50 empregos diretos, dispõe de seis caminhões, um departamento agropecuário, com compra conjunta e fornecimento de insumos aos cooperados, uma câmara fria, beneficiadora de hortaliças, lavadora de caixas, além de equipamentos diversos e um ótimo nome na praça. Beneficia diretamente mais de 2,5 mil pessoas e indiretamente toda a região.

Pronaf Mais Alimentos

Criado em 2008 para fomentar a inovação tecnológica, a renovação da frota e estimular a produção na agricultura familiar, num período marcado pela crise financeira global, o Mais Alimentos - linha de crédito especial do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) - já disponibilizou mais de R$ 7 bilhões em 150 mil operações. A indústria de máquinas agrícolas vendeu, nesse período, 44 mil tratores e 300 colheitadeiras.

O Mais Alimentos é uma ação estruturante que permite ao agricultor familiar investir em modernização e aquisição de máquinas e de novos equipamentos, correção e recuperação de solos, resfriadores de leite, melhoria genética, irrigação, implantação de pomares e estufas e armazenagem.