Agricultura Familiar

Agricultora familiar gaúcha recebe prêmio conquistado em Feira na Expointer

Dona Zilá de Lima Barcelos tem 65 anos e uma memória afiada. Consegue lembrar de todas as datas marcantes em sua vida: as dos nascimentos dos três filhos e dos três netos, a da formatura da filha mais velha; e a da morte do marido, em maio do ano passado


Publicado em: 10/10/2012 às 17:50hs

Agricultora familiar gaúcha recebe prêmio conquistado em Feira na Expointer

E, agora, tem mais uma data que ela não vai esquecer: no início deste mês (4), a agricultora familiar nascida em Canguçu (RS) recebeu uma máquina para triturar milho, durante a sua participação na 14ª Feira da Agricultura Familiar na Expointer 2012, ocorrida em agosto, no Rio Grande do Sul, tendo a participação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em um pavilhão dedicado ao agricultor familiar.

“Fizeram uma baita homenagem para mim, uma festa que só vendo. Tiraram foto, filmaram, fiquei muito feliz”, conta a agricultora, relatando o momento da entrega do desintegrador de milho JF 2D, com motor de três cavalos, em Pelotas (RS). “Eu já usei a máquina e me ajudou muito.”

A gaúcha, que hoje mora em Piratini (RS), ao leste de sua cidade natal e a mais de 340 km da capital do estado, Porto Alegre, relembra o momento em que participou do sorteio no Feirão Mais Alimentos. “Uma vizinha me chamou para ir ao evento, mas não poderia deixar meu filho sozinho no sítio, tinha muita coisa para fazer.” Mas a ligação da filha mais velha acabou mudando tudo. “Ela disse que era pra eu ir, que depois da morte do meu marido eu não tinha mais saído. Ela me deu força e eu fui. Fizeram uma palestra no estande do Mais Alimentos e depois distribuíram cupons, para concorrermos aos brindes. Coloquei meus dados na urna e esperei.” Ela lembra, ainda, que a maioria dos participantes da Feira não quis aguardar o sorteio. “Eu fiquei esperando. Fui lá, abracei e beijei a máquina e disse que eu a esperava no meu sítio. E fui a sortuda”, brinca a agricultora.

Dona Zilá vive com o filho caçula Elberto Barcelos, 38 anos, no Sítio Santo André. Ela dá as coordenadas para chegar ao local, que fica no 5º distrito de Piratini, em Passo da Canoa. É lá que eles dois plantam milho, feijão e verduras, além de criarem bois e vacas leiteiras. “É para o consumo, mas o que sobra meu filho comercializa na região.” Ela comenta, também, que eles tinham um tambo na propriedade, local onde se ordenham as vacas leiteiras, desfeita depois da morte do marido. É seu filho quem cuida do sítio, de 20 hectares – desses, cinco são de Elberto. “Meu filho me ajuda, ele que cuida de tudo, trabalha muito. O espaço que não usamos com os animais utilizamos na pastagem e na lavoura”, garante. Para se ter ideia do tamanho da propriedade, totalmente utilizada, um hectare tem quase o tamanho de um campo de futebol.

DAP e Mais Alimentos


Desde criança, a agricultora trabalha na lavoura. É filha de pais agricultores e viúva de um agricultor que trabalhou até o fim da vida. “Meu marido trabalhou enquanto pôde, ele nunca deixou a lavoura nem o tambo de leite.” Antes de ele morrer, os dois possuíam uma Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) conjunta. A DAP é uma espécie de identidade do agricultor. Por meio dela é possível ter acesso às ações que beneficiam e aprimoram as atividades diárias. O documento é gratuito e emitido por diversos agentes, como empresas estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) e sindicatos.

Em fevereiro deste ano, Zilá precisou atualizar sua DAP. Ela é pertencente ao grupo de agricultores que têm renda anual até R$ 6 mil. Elberto participa do Pronaf Investimentos e conseguiu modernizar a propriedade que mora com a mãe. “Investimos na criação dos animais, lavrando a terra e comprando sementes para plantarmos”, conta.

“Queremos que o agricultor inove, seja mais competitivo. Ele pode ser assim porque tem condição de produzir mais”, analisa o coordenador-geral do Programa Mais Alimentos do MDA, Marco Antônio Viana Leite. O programa de crédito destina recursos para investimentos em infraestrutura da propriedade rural, criando condições necessárias para o aumento da produção e da produtividade da agricultura familiar. Marco Antônio salienta, ainda, a iniciativa da distribuição de brindes durante a Feira, no Rio Grande do Sul. “Isso é um estímulo à tecnificação do agricultor familiar. As empresas cadastradas, que trabalham efetivamente no Mais Alimentos, têm dado esses brindes aos agricultores familiares, estimulando-os à mecanização. Temos um interesse efetivo nisso”, aponta.

Dona Zilá pretende trabalhar em sua propriedade, que está sendo modernizada aos poucos, até o final da vida, e relata que já inventariou sua propriedade para os três filhos (duas meninas casadas e Elberto). “Não quero ficar com nada, estou só usufruindo da terra”, revela a agricultora.

Fonte: MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário

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